by Ana

Um espaço para partilhar as "tolices" de cada dia, de uma forma descontraída, descomprometida e com algum sentido de humor. Only that.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Tempo verde e amarelo

São horas de ir para a cama, há muito.
Também há muito que não me afogava em "papéis" como hoje e ontem. Papelada, burocracia, pura e dura.
Também há muito que a vontade de escrever me escapa, como há muito não escapava...
Pego no PC, percorro os blogs que sigo, mas não sai palavra; vou ao Facebook, deixo uma aqui, outra ali.
Coloquei as fotos dos meus filhos, no Facebook. Foi o que fiz de mais significativo. Afinal eles também têm as suas páginas, com as suas fotos, portanto, aquela velha história de "privacidade", onde é que ela já vai...
Comecei a ler a "Rosa Brava", mas ando a passo de caracol. Não porque o livro não seja interessante, que o parece ser, mas é o tempo, o tempo que me incomoda.
O tempo físico, não o meteorológico, se bem que este calor também me incomode e bastante.
É o de Einstein. Esse é o tal que conduz a todas as fatalidades, ao destino que é fatal. É aquele factorzinho da física que consegue reduzir tudo a pó e ao mesmo tempo a energia, vá se lá entender uma coisa destas.
E hoje, apesar do tempo estar quente e do outro tempo não parar e ser fatal, foi dia grande. O filhote veio pela manhã, a PS depois do almoço, a CE a seguir e até a mamã se lembrou de me visitar e trazer com ela uma mão cheia de recordações e tradições familiares que se arrastam desde o dia em que eu me lembro de existir. Depois, foi a vez de eu sair para experimentar o tempo, o das quenturas da noite, e ir visitar o papá. Ele que sabe que o tempo é fatal e o destino está escrito nas estrelas, guarda tudo sem nós sabermos e então, hoje, sem eu perceber, levantou-se do seu sofá de sempre e quando regressou trazia na mão um papel que me deu a ler. Era uma carta já amarelecida pelo tempo do Einstein e pelo meteorológico também, escrita por mim no ano da graça de 1983, de Coimbra, da faculdade, a desabafar com ele, precisamente os mesmos problemas que hoje, ano da graça de 2010, desabafava, não por carta, mas sentada no meu lugar de sempre, no sofá grande, ao lado de sofá dele.
Afinal, os pais sabem muitas coisas e conseguem ler o destino que é fatal nas estrelas e prever o tempo que é senhor do destino. O meu papá soube-o, por isso ele guardou aquela carta tanto tempo. Que outras cartas terá ele guardadas?
Depois da carta do tempo que ficou para trás que afinal era a carta do destino, vim para casa e falei com a AI. Falei, não, teclei. E como não estava nada bem, por causa da carta do destino que o papá mostrou, porque não me achava bem por causa das tradições da família que a mamã me recordou e que me tocaram um pouco mais, porque amanhã é dia de veredicto médico, depois disto tudo, contava eu, a AI, coitada da AI, levou com as teclas mais amargas que o meu PC tinha. Teclei com as teclas já gastas do tempo, mas sobretudo com aquelas que mais temem o tempo. Não o tempo dos senhores do anticiclone dos Açores que este ano deu-nos um inverno digno do nome, mas o tal da relatividade e que tudo torna relativo e o que faz amanhã para uns ser mais um dia e para mim ser O dia.
Será que a AI, tal como o meu papá há vinte seis anos atrás entendeu que aquela carta hoje ia ser necessária, entendeu? Pois, mas a AI não sabe ler o destino nas estrelas...
:):)

8 comentários:

  1. Fala-nos no veredito, sendo que ele também é relativo. Depois, queima as cartas, arranca as teclas do PC, deita para o lixo o que te dói. Quando acabares as limpezas e saíres da angústia profunda em que nos escolhemos e de que eu também me queixo, como sabes, procura uma boa companhia para um bom passeio. Se não para o hemisfério sul, pelo menos para o avesso do avesso do avesso da tristeza e do fado...
    Não?

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  2. Helena,
    Mas eu adoro fado...))
    De resto concordo plenamente contigo
    Bj

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  3. era fado no sentido de sina não musicada...:)

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  4. Vamos lá, moça, espírito positivo!
    O veredicto há-de ser o melhor possível, pois claro!
    Bjs

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  5. Babe,
    Apesar dos erritos (em privado, dir-te-ei quais), aqui e além consegues ter rasgos de uma boa escritora. O texto, ainda que amargo, está bonito e só falta descobrir o outro tempo, aquele que também nos pertence e que nos faz perceber o milagre de estarmos vivos.
    Depois da Rosa, tenta encontrar um livro fabuloso da Yourcenar, O Tempo esse grande Escultor. Belíssimo!
    Para além disso, fica também a certeza de que parte do meu tempo é para ser "gasto" contigo. Vale?

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  6. Teresa,
    Vamos, fui e já vim!
    E que veredicto.
    Se tiver "ganas", com dizem nuestros hermanos, logos vos conto.
    Bj

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  7. Anónimo,
    eu e os meus erritos!! Nem o tempo os conseguirá apagar, certo?
    Obrigada pelos elogios(despropositados e exagerados) e não "gastes" o tem tempo comigo, ganha-o!
    Bj

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Olá, então diga lá de sua justiça...