by Ana

Um espaço para partilhar as "tolices" de cada dia, de uma forma descontraída, descomprometida e com algum sentido de humor. Only that.

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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Serviço público I


Perante esta notícia do Sol, pensei que, finalmente, se teria feito luz, algures nalguns gabinetes do ministério da economia, nomeadamente, naqueles onde trabalham uns senhores que, volta não volta, vestem uns coletes pretos, ostentando umas letras garrafais nas costas - ASAE- e limpam a pente de caça piolhos todos os cochichos, vãos de escada, feiras francas ou desonestas, do norte ao sul, incluindo as Desertas onde o Zé da colmeia vende o mel da abelha Maia, a Maria do Céu comercializa as couves da consoada, a Chica vende os ovos de galinha Pita.
E é razia. Ah pois! A bem da saúde pública e no estrito cumprimento das normas comunitárias aprovadas pelas respetivas decisões, com a redação conferida através das diretivas e ratificadas pelos conselhos dos 27. E isto não é pera doce, não se pense... É muito papel, muita lei, muito número, ...
O Zé não pode vender o mel da colmeia da Maia, pois não apresentou o certificado da vacina da bichinha, contra o vírus da estirpe Abhelhidium, logo está a saúde pública em risco;
Em análise macroscópica, provam e comprovam que as couves da Maria foram fertilizadas com o estrume da mula. Não pode, não pode.... A norma CE xyz /abc/CE com a última redacção que lhe foi dada pela decisão XPTO/CE, assim o dita. Consoada de Natal, ou com o cumprimento da norma de Bruxelas ou então, coma-se couve de bruxelas.
E os ovos da Pita? Esses terão de ser confiscados. A Chica estava a defraudar o consumidor. Os zigotos, que nem S poderiam ser,  estavam misturados outros L e, muito de quando em vez, um XL, com mais de 73g, apregoando a Chica ovos de duas gemas. Dois crimes se configuram neste cenário. Um crime económico e um crime alimentar, pois a Pita não tem vacinas, come os restos da Chica e foi  desparasitada quando o cão do vizinho lhe ferrou uma dentada,  dois dias antes de pôr os ovos!
Agora ASAE, agora que podias prestar um verdadeiro serviço público, de qualidade,  à nação, que fazes?
Mudas de palácio!
Oh ASAE!!!!!








segunda-feira, 4 de julho de 2011

E se os "futebóis" pagassem a crise?



Ontem, enquanto me deliciava com uma sardinha assada e uma salada de pimentos, dei por mim a pensar:
Os 85 milhões de euros que a falta de carácter do meu ex muito querido e admirado AVB associada a carteira recheada do Sr. Abramovich do Chelsea largaram nos cofres do FCP, mais uns tantos milhõezitos que o bigboss do Real Madrid pode largar pelo Coentrão, no SLB, já dava para evitar que uns quantos pensionistas levassem o corte anunciado dos 50% no seus subsídios de Natal.
Por esta ordem de ideias, se uma mão cheia de "talentos" futebolísticos vale quase tanto como 20% dessa medida extraordinária, se vendêssemos a Selecção Nacional de Futebol, mesmo em saldos, ao Quatar, ao Bahrain, aos Emirados Árabes Unidos, ou mesmo ao Chelsea (ou ao Real Madrid, quem sabe), com treinador, relações públicas (Eusébio), patrocinadores (Galp e Sagres), e os todos os outros cromos difíceis, será que não conseguíamos o equivalente para pagar a nossa dívida pública?
Aposto que sim!

domingo, 17 de abril de 2011

A Fraude


"Bem...bom... não foi bem assim... vamos lá ver... estava longe... não foi isso que quis dizer...
Nunca quis cargos de destaque, de protagonismo.
... Tudo não passa de um mal entendido... não gostei... tudo não passa de uma celeuma desnecessária
Só quero servir Portugal!"

quinta-feira, 24 de março de 2011

"E o coelhinho foi com o pai natal e o palhaço no comboio ao circo”



Hoje fui tomar o pequeno almoço fora, a um sitio baratucho, onde, supostamente, os empregados são todos barbaramente explorados, sacrificados, emocionalmente coagidos a aceitarem trabalhar sabe-se lá como e quando, à hora da missa, ou no dia da folga do marido, sem ter direito a abrir a boca. Sim, porque isto de abrir a boca, ou mesmo os olhos, ou mesmo que um suspiro mais profundo à hora de tomar conhecimento do horário do turno da semana seguinte, tornou-se "motivo atendível" para despedimento. 
Ai ainda não se tornou? Têm razão! Essa do motivo atendível era a do Sr. Coelho. Mas se não se tornou, a caminho vêm...
Mas dizia eu que hoje fui tomar o pequeno almoço a um sítio dos "motivos atendíveis" à paulada. Tomei o pequeno almoço no Continente, de Oeiras. 
Espantosamente, o empregado que me atendeu estava terrivelmente bem disposto (ao contrário de mim, que regressava de uma consulta de ginecologia). Era :
"Mais alguma coisa, meu amor?",
" Gosta assim do galão ou quer mais clarinho, minha querida?", 
"Já vai a caminho, meu amor",
"Precisa de colherzinha para o copo de água, minha cara senhora?"
"Que mais esperamos aqui, meus doces?"
Eu estava parva. Pensei, pensei e nada me ocorria que justificasse aquela alegria toda. Fim do mês, emprego mal pago, hora de aperto no trabalho, crise no país,  (claro que o meu pensamento não se imiscuiu na vida privada do senhor..., ora bem).
Por fim, disse à AI que também observava o mesmo:
- Cá para mim aquele ali, é adepto do Coelhinho da Páscoa...

Ora embora eu não goste nada, mas mesmo nada, de estar congelada na carreira, de ter o vencimento cortado, de pagar mais pelos medicamentos e pela alimentação, de (não) pôr gasóleo no carro, a preços proibitivos, de tudo isto e mais alguma coisa....  de Coelhinhos da Páscoa também não. Nunca acreditei neles, tal como já não acredito no Pai Natal.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

"Geração à rasca"


Sinto-me filha de ninguém.
Cria de geração sem nome, sem referência, sem causa, sem mote.
Por alturas de Maio de 68 ainda não sabia ler nem escrever, muito menos que coisas se passavam em França ou mesmo que existiria algo para além de Badajoz da Espanha, donde o meu triciclo tinha vindo.
Um ano depois, em 69, o Homem foi à lua. Foi no dia do casamento da minha prima Lurdes. Mas o que me ficou na memória , nesse dia, foi a conversa sobre uma novidade que as senhoras usavam e, pelos vistos, lhes facilitava a vida. Usavam collants, pela primeira vez, e comentavam a facilidade daquela peça de vestuário.
Como a lua para mim era uma coisa da noite e das histórias da adormecer e as minhas tias diziam que aquilo do Homem pisar a lua era tudo invenção, decidi voltar costas à televisão e ao grupo dos homens e ficar a ouvir as facilidades do uso das collants vs chatice do uso de meias com cinto ligas.
Uns anos mais tarde veio a Revolução dos Cravos, estava eu na 4ª classe e para mim foi dia de festa. Não houve aulas, o meu pai estendeu um porco morto no meio da cozinha da minha avó e, lá em casa da minha avó, juntou-se a família toda, agarradinha à televisão. Perguntavam pelo Spínola, pelo Soares. Eu preferia indagar as entranhas do porco, pois do que se estava a passar nada entendia e nada me explicavam.
Não posso, portanto, dizer que seja da geração que fez ou festejou a revolução de Abril.
Não sou daqueles que levaram com as passagens administrativas pela cara, os anos propedêuticos, os serviços cívicos. Não, nada disso.
Sou daqueles que fizeram o percurso do "certinho e bonitinho", depois da confusão ter acalmado e das experiências da revolução e tentativas de contra-revolução terem serenado. Sou do unificado, do 12º ano e dos números clasus.
Não tendo sido perdida nem achada para essa causa, lembro-me de um dia 12 de Junho de 1985 e do  Portugal na CEE.
A partir deste dia foi ver os milhões (não sei de que moeda) entrarem todos os dias no nosso país e o alcatrão cobrir montes e vales, as mega - barragens pintarem de azul o que antes era verde,
O litoral a "litoralizar" e o interior a "interiorizar"; o Alentejo ora litoralizava ora"coutizava",...
Foi ver um país democrático, laico e republicano, onde a classe média e alta quase não se distinguiam, onde todos os seus  filhos tinham carrinho, casa, emprego, cursos financiados, férias em Cabo Verde, telemóveis, computadores, plasmas, Ipod,... tudo com fartura e sempre na crista da onda.
Há dois dias, perguntei ao meu filho mais velho, que tem 20 anos, quando é que ele pensava arranjar emprego.Ele respondeu-me:
"Oh mãe, tu não vês as notícias?Não há empregos mãe. E os que há são formas de exploração dos jovens. Eu sou da geração à rasca!" 
Calei-me.
Acho que já tenho uma definição para a minha geração:
A geração que teve de tudo, mas gerou a Geração à rasca.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Período de Reflexão


Liberdade - Fernando Pessoa por João Villaret

João Henrique Pereira Villaret
(Lisboa, 10 de Maio de 1913 — Lisboa, 21 de Janeiro de 1961)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

FILHOS DA MÃE!!!

Nunca fui muito dada a palavrões e contestações e outras coisas terminadas em "ões", mas estes gajos "lá de cima" são todos uns ... Piiiiiiii... FILHOS DA MÃE!

40.000 professores vão para a rua, 7.000 são de EVT e os outros?

sábado, 15 de janeiro de 2011

Dá-me música


Hoje entornei o meu galão personalizado sobre o meu croissant cozido por medida, ao ler esta notícia do  jornal que acompanha os meus pequenos almoços.
Que grande maestro! Sempre ouvi  dizer que quem tem dedos  toca guitarra. 
Neste caso, porém, não percebo qual a finalidade de lingerie no valor de 1393 euros para pegar numa batuta, mas nunca se sabe...talvez quisesse vestir as meninas da orquestra todas de igual.
Já as caixinhas de charutos Cohiba a 1014 euros cada, em Cuba e noutros pontos do globo, são justificávies. Há falta de batuta, o charuto é sempre um instrumento de charme, de comando.
 Em Banguecoque, aperaltou-se na loja da Boss e gastou 5000€.
Queriam que o maestro se apresentasse à frente da orquestra metropolitana com roupas dos chineses?
Pronto, ok. Também não precisava de andar de Limousine, é verdade. Bastava alugar um discreto Mercedes, um Audi A8, sempre poupava uns cêntimos. 
E quanto às peças de ourivesaria que comprou e pagou com o cartão da orquestra, aposto que fazia questão de acertar contas quando chegasse, só que estas coisas de jet leg provocam ataques de amnésia. Só não sabe quem não passa por elas!!
 Ao todo, em quatro anos, foram 720 mil euros. Mas pelo menos deu-nos música e da boa!!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Rua Direita

Meti pés ao caminho e fui.
Primeiro o banco, que não é caixa, depois os correios,  seguiu-se a rodoviária que deixou de ser nacional (será que ainda é bom?) e agora se chama tst, a câmara, a polícia e  finalmente casa, home sweet home!!Tudo a butes!!
A minha terra era uma aldeia. Era...
Tudo aqui era ao virar da esquina, ou então na Rua Direita, onde, antigamente, os carros passavam e estacionavam, as pessoas passeavam, as lojas vendiam, os cafés fervilhavam de gente apinhada aos balcões ou em pé à espera de mesa.
Há muito que não passava pela Rua Direita, por que desde que se tornou-se zona nobre e a minha aldeia  cidade,  foi calcetada. Eu também me tornei nobre e passei a andar de carro, em vez de bicicleta ou a pé e por via dessas evoluções ou revoluções, não sei bem,  troquei a Rua Direita pelos centros comercias.
Hoje, por que  fiquei sem ele, tive de atravessar a aldeia que se tornou cidade, a pé. E lá passei pela Rua Direita, a tal que foi calcetada.
Reparei que realmente não é direita, é torta, como torto  foi o  destino que lhe estava reservado. A Rua  Cândido dos Reis transformou-se num fantasma de si.
Daquilo que me lembro, dos tempos em que andava a pé, ou de bicicleta, ainda existem as duas farmácias, a pastelaria mimosa e a papelaria dos jornais.
Subindo, comecei a constatar que os chineses, se não compraram a dívida pública, compraram metade da Rua Direita. Porta sim, porta não, lá estão eles.
Uma loja chinesa de roupa na porta sim, na porta não a ourivesaria portuguesa que diz na montra, estranhamente, que compra ouro, em vez de o vender, a seguir outra loja de chineses, depois uma loja de espiritualidades, depois outra loja de chineses, mas que vende frutas, depois outra ourivesaria que também anuncia que compra ouro, depois um restaurante chinês, depois uma loja de penhores, depois loja chinesa de prêt-a-porter, depois uma loja fechada para trespasse, depois outra loja chinesa....até à PSP
Não continuei porque a seguir vinha o cemitério.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Fado, Fardo e Farpas

Vídeo enviado por e-mail

Hablas Espanhol?

Um azar nunca vem só e eu nasci azarada!
Imagine-se que nasci mulher e ainda por cima não espanhola!
Querem ler o que aconteceu comigo, ontem?
Como mulher, azarada, consumo aqueles produtos de higiene íntima, para aqueles dias do mês, que só as desgraçadas que nascem mulheres é que experimentam todos os meses, duma marca espanholita, super conhecida. Os chamados pensos, em português, compressas, em espanhol.
Claro que me abasteço sempre em mercado luso, a bem da economia do nosso país, mesmo sabendo que os pacotes são importados de Espanha.
Ora ontem, fui reforçar o meu stock aqui à loja Continente da minha aldeia e toda pimpona apressei-me a apresentar na caixa o vale de desconto que me saíra em sorte na última embalagem que eu tinha comprado, por acaso na mesma loja. 
Sou boa a contas e 2x2 dá 4 que é a raiz quadrada de 16 que a dividir por 2 dá 8 que dividindo por ele próprio dá 1 e multiplicando por 0 dá 0, aquela embalagem, ao deduzir o vale de desconto ficava quase à borlix! Uma justo agradecimento às mulheres que sacrificam uma vida a bem do fim único e sacrossanto do seu aparelho reprodutor, a procriação e a propagação da espécie.
Com o sorriso igual ao da imagem de cima, olhei para o operador de caixa que me devolvia os vales dizendo que os mesmos não podiam ser deduzidos!
"Não podem, ora essa?"
" Não, minha senhora, não podem porque estão escritos em espanhol e o sistema não lê vales escritos em espanhol. Esses vales só são válidos em Espanha."
Nasci duplamente azarada, mulher e não espanhola, mas deu-me um arrepiozinho pela espinha acima como  só dá as portuguesinhas de gema e vá de arregaçar mangas, afinar a voz e botar a boca no trombone!
" Ah, pois, só os códigos de barra para pagar, não para descontar" 
Já berrei, já escrevi , já denunciei. 
Agora fico à espera que me acusem de ter abusado sexualmente da Julieta, a gata da We, e me levem dentro, porque o Continente é o COOOOOONNNNTINENTE , a Evax é a EVAAAX e eu sou eu.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O Que Faz Falta

Sem ponta de humor seja ele de que cor for, sem laivo de sarcasmo, sem pingo de hipocrisia, tomei consciência, acordei para o Estado da Nação.

Dei de caras com o absurdo, não com a crise, mas com a insensatez, com o despropósito, com a demência a que, passo a passo, chegámos.

Como milhares de portugueses sofro de azia crónica. Há um fogo que arde por dentro que, se não for controlado, me consome as entranhas, arde sem se ver e até sou capaz de o cuspir, assim esteja eu virada do lado do avesso, ou acorde com os pés de fora, por via das notícias que ficaram a digerir na noite anterior. Como milhares de outros portugueses, certamente.

Como estes milhares, tenho de tomar umas pílulas todas as noites e/ou todas as manhãs, para que suporte melhor estas azias da vida, estas amarguras da noite, estes fogos que ardem mas que não se vêem. Estas pílulas, imprescindíveis ao meu bem estar e ao bem estar dos outros milhares de portugueses que descontam, tal como eu, para essa coisa do Estado Providência e que, se não lutaram ou festejaram uma revolução de cravos sem sangue porque ainda eram novos, cresceram a pensar que nunca na vida teriam de lutar por fazer uma outra revolução, pois a memória de um povo é o seu património mais valioso, a sua história e jamais será esquecida, dizia eu, estas pílulas eram quase ao preço da chuva, da uva mijona, como dizia a minha avó, que sabia o valor das coisas. Hoje, acordei com os pés de fora, estava cheia de fogo por dentro por via daqueles assuntos que me andam a incomodar, pois ainda não percebi se me devo preocupar mais com o preço do gasóleo que não pára de aumentar, assim como a taxa de referência da Euribor, ou com o que a Wikilieaks anda a revelar. Tive de recorrer à pílula da digestão fácil. Era a última do blister e da caixa. Peguei na receita que tenho sempre em casa e fui à farmácia comprar mais uma caixinha, do genérico. Sim, do genérico, que eu não alimento vaidades e muito menos laboratórios farmacêuticos. Quando ia para pagar pensei que a conta se referia a senhora do lado que aviava uns quantos cremes anti rugas. Mas não. Era a minha conta mesmo.

- Sabe, é que dantes (como se o dantes fosse o tempo da outra senhora), estes medicamentos tinham uma portaria especial, que agora deixaram de ter - apressou-se a farmacêutica a explicar, antes mesmo que eu perguntasse.

Como estas pílulas para curar as azias da vida, outras deixaram de ser comparticipadas ou "tão comparticipadas". Quem tem dores de reumático, por exemplo, que se deite o chão, que dizem os antigos sempre foi o melhor colchão ortopédico; quem sofre de tensão arterial elevada, pois que dê um litrinho de sangue todas as semanas, diminui a quantidade em circulação, logo desce a tensão e faz bem ao banco de sangue; quem anda deprimido, que saia para a rua e brinde ao astro rei, ria muito que faz bem à pele, além que rir sempre foi o melhor remédio.

Creio que, tal como eu, há muitos portugueses com azia, com fogo e pêlo na venta!

Calamos?

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Corrupção em estado embrionário

Dizem que hoje se celebra o dia mundial da corrupção. Ou será da luta contra a corrupção? 
Bom, depende sempre do ponto de vista. Para os que se abotoaram à la carte, ou em self service,  a salpicar de vírgulas os normativos legais e outros diplomas que tais, então temos a comemoração do dia mundial da corrupção; para os outros, quase sempre a maioria, que não souberam usar desses expedientes e que, coitados, nunca  entraram no gabinete do presidente da EDP  para perguntar onde era a sede do BCP, para esses, dizia eu, celebra-se o dia mundial da luta contra a corrupção.
Mas prelúdios à parte, queria-vos deixar uma história, a propósito de corrupção, contada na primeira pessoa. 
Sem sal nem pimenta.


Há uns anos atrás, era eu presidente da minha escola, (um cargo que jamais dará azo a corrupções), uma escola básica de 2º e 3º ciclos, relativamente calma, quando, pelas oito e pouco da manhã, o guarda da segurança me bate à porta do gabinete.
Trazia-me um rapazinho, do 5º ano, que deveria ter os seus 10 aninhos, rechonchodinho, encasacado do frio, de faces coradas, de olhos muito abertos, cujo nome já não me recordo.

- Srª Drª, este menino foi apanhado com esta faca de mato da mão, aqui no páteo da escola. Trago-o até aqui para que a Srª Drª tome conhecimento, uma vez que ainda não está a Drª X ( a minha colega encarregue da parte discipinar, na altura).

- Ora muito bem, o que é que este menino trouxe para a escola?

- Eu.... -  tentou o rapazito dizer

- Eu....? Eu, nadíssima de nada! Já lhe dei ordem para falar? 

- Não Srª...

- Como é que o menino se chama?

- Zacarias.

E escrevi o nome num papel. 

- Nome do pai?

- Melaquíades.

Vá de assentar, com fulgor.

- Nº de telemóvel do pai do menino?

- 123456789

Continuava a rabiscar, no mesmo papel, a tinta vermelha, com traços por baixo.

- Turma?

-5º Z

- Ora muito bem, então agora diga lá o que é que aconteceu.
- Eu, ...eu, eu vinha para a escola, vinha devagar, a olhar para o chão e encontrei a faca no meio do caminho. Meti na mala para quando chegasse à escola entregar ao funcionário - cuspiu o rapazito, tudo de rajada.
- Bom, então quer que eu acredite que o menino Zacarias encontrou esta arma branca no meio da rua e a introduziu-a dentro do recinto escolar? -  e pegava numa fita métrica, media a lâmina da faca que, efectivamente tinha 10cm, bem em frente dos olhos do Zacarias.
- Sr. Guarda, em que circunstâncias é que confiscou a arma? - perguntei ao guarda
- Ele estava a mostrá-la aos amigos, no páteo.
- Então por quantos funcionários passou, menino Zacarias?
- Muitos. (ainda não havia contenção..)

- Muitos! Muitos funcionários com uma arma branca dentro da sua mochila!E caladinho que nem um rato!

- Sabe o que é que isto dá? Isto vai direitinho para o seu processo, para o seu cadastro! 
Fica cadastrado. Daqui, o cadastro,  vai segui-lo para o secundário, para a tropa, para a vida civil.Isto é grave!
É o chamado porte de arma branca. Já ouviu falar? 

- Não, não ouvi.

- Já chamámos a GNR  para vir recolher a arma, não a podemos ter na nossa posse (o que até era verdade)- continuava eu -  Portanto, vou telefonar imediatamente aos seus pais, dando conta que o menino introduziu uma arma branca dentro da escola, mais concretanmente uma faca de mato, com uma lâmina de 10cm,  arma essa que diz ter encontrado na rua e de todos os procedimentos legais que vamos ter que iniciar.

A esta altura do campeonato, o menino Zacarias que devia medir ai 1,40m, pôs-se em bicos de pés, acrescentou uns 10cm ao seu tamanho até chegar a metro e meio de gente, apinhou os pulmões de ar, deu um passo firme em direcção à minha secretária, assentou nela as duas mãos sapudinhas e já transpiradas, aproximou a cabeçita de mim e com toda a convicção do mundo perguntou-me:

- Quanto é que quer para ficar calada?

domingo, 5 de dezembro de 2010

Novo tipo de declarações de amor...

A tradição já não é o que era, definitivamente.
As raparigas, felizmente,  estão cada vez mais emancipadas e conhecedoras das mais-valias...
Não resisti...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A adaptação

Com os votos a favor dos boys presentes e o cala que consente dos futuros boys, eis que se aprova um regime de excepção que se diz de adaptação para os boys de hoje, dá-se o dito por não dito, a crise por uma depressão centrada no anticiclone dos Açores e só com efeitos nalgumas partes do País, analisa-se melhor a (des)produtividade das empresas públicas e conclui-se que afinal os cemitérios estão cheios de imprescindíveis e, além de neles não haver espaço para mais destes homens sabedores, as nossas empresas públicas e o nosso banco que é caixa não pode deixar escapar nenhum deles.
De Norte a Sul, de Leste a Oeste, da Madeira aos Açores,  o OE terá efeitos vitalícios sobre os vencimentos de todos os portugueses, excepto os destes senhores, os gestores de topo de algumas empresas públicas, público-privadas e o tal banco que é caixa, dado reconhecer a importância vital que tais boys, digo, senhores, pois já ultrapassaram a idade da puberdade, têm na instituição que tão nobremente administram. Também, digo eu que não sou ninguém e ninguém serei porque o meu ordenado foi vitaliciamente cortado, tal como a carta de condução a um idoso de 100 anos, o dicionário de português deve ser actualizado, pois a isto, chamaram os senhores do governo e da maioria, adaptação, eu chamaria outra coisa...tv atentado, mas aceito outras sugestões.


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Entre o Barhein e o Quatar

Devo ser das poucas pessoas que ainda têm o imenso privilégio de passear os olhos pelos jornais, enquanto se deliciam, prazenteiramente, com o seu pequeno almoço.
Mando a crise às urtigas, aproveito as férias prolongadas que o meu "duplo carcinoma papilar tiroideu" me proporcionou  e junto a isso o imenso privilégio de viver na margem sul, na outra margem sul, naquela de onde se desfruta do Tejo, da qualidade de vida ainda a preços razoáveis, de pessoas simpáticas (como eu), de espaços agradáveis e de croissants deliciosos.
E ai vou eu, toda pimpona, instalar-me no meu "Coffee for You" do Montijo Forum, onde já sabem exactamente como eu quero o meu galão, meio copo de galão, meio copo de espuma de leite e  o meu croissant mal cozido, ocupo a mesa lá do fundo, abro o Público e ali fico, depenicando o meu croissant ao mesmo ritmo que as noticias do Público me enfurecem ou simplesmente me passam ao lado.
Mas ontem o croissant ficou quase intacto com esta notícia. Mortes por violência doméstica...?? 247 mortes por violência doméstica? 

Andamos a discutir a entrada ou não do FMI;  apregoamos aos sete ventos que Portugal deu 4-0 à campeã da Europa e do Mundo em futebol; unimos as vozes para denunciar a corrupção que se assiste neste país; levantamos as bandeiras da Paz contra a Cimeira da Nato; fazemos nossas as causas de outros povos, de outras mulheres vitimas de leis infames, como a da morte por apedrejamento.... e...e a violência doméstica? Calamos? Até onde vai este bicho? Conseguem imaginar? 
Conseguem imaginar o que está a montante da fase visível de uma morte por violência doméstica?
Ou mesmo de um olho negro de uma colega nossa que, "coitada, escorregou no tapete, quando, de noite, se levantou para ir tapar o filho?"
Conseguem imaginar a violência psicológica que quase sempre antecede a violência física e, c'os diabos(!), ainda por cima não deixa marcas visíveis!!
Os ciúmes porque vestiu uma mini-saia ; a dependência económica pois o homem é sempre mais bem pago no raio desta sociedade, mesmo que garanta só os serviços minimos; o medo; o preconceito; ....? A falta de apoio da própria família??!!
Um polvo  que vai cercando, cercando, e ele (ela), aproveitando, aproveitando. Até  chegar ao fim, à total asfixia..
Conseguem  imaginar as marcas psicológicas que ficam gravadas nos filhos destes casais quando assistem a este tipo de situações (e quase sempre assistem!), e perduram anos a fio? E quantas vezes vêem eles a reproduzi-las?
Conseguem? 
Onde estão as bandeiras, por estas mulheres e homens vitimas destes maus tratos? Onde está a nossa luta?
Onde está a mensagem que temos por obrigação passar aos mais novos? Educar, civilizar? Não, não temos?
Só se fosse no Barhein?
Ah!Ok!

Frida Khalo

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A tradição

Bem sei que somos pobrezinhos mas honrados e é assim que devemos continuar  a ser, pois só assim conseguimos manter aquela imagem imaculada de povo hospitaleiro, de pão e vinho sobre a mesa,  que os nossos grandes governantes, com a ajuda do fado, talharam pare este pequeno rectângulo, desde  os tempos imemoriais do Estado Novo.
E eis senão quando a tradição está prestes a cair no esquecimento, por via das globalizações, das novas tecnologias, da queda do muro de Berlim, do alargamento aos países de leste e de outras pestes que tais, surge, num meio de um clima de nevoeiro cerrado, o D. Sebastião:  a Cimeira. A Cimeira, sim senhores!
Substituindo o pão e vinho por uma parafernália de armas, polícias, controles, perímetros de segurança, jornalistas, fragatas, caças F16, helicópteros Lynx, mergulhadores, lanchas, blindados, show-off,  reinventa-se a tradição, tal Azeite Gallo e nós continuamos (mais) pobrezinhos mas honrados!
Ora bem! Bem-haja D. Sebastião!!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Novembro

Tão inevitável, como inacreditável, como irritante, como temporalmente desajustado. As luzes, as estrelinhas, os pinheiros, os anjinhos tocadores de lira ou de uma espécie de vouvuzela dos tempos do éden, os pais natais, os laçarotes vermelhos, as estrelas cadentes vindas de todos os pólos, os trenós puxados a renas ou a mercedes topos de gama, a neve feita de algodão amargo, de esferovite, ou de pesadelos que se antecipam com dois meses de antecedência, as árvores  e os arbustros das avenidas grandes e das veredas pequenas que de repente ganham novas e luminosas flores multicolores fecundadas por cabos eléctricos, as montras preto, prata e vermelho e a música. Oh! a música, so fantastic. O coro da capela sistina, ou das meninas do colégio do sagrado coração, uma noite feliz e de amor, uma em 365, já não é mau de todo, porque nesta noite brilha brilha lá no céu a estrelinha que nasceu, nas outras noites o céu é penumbra, como se penumbra não fosse sempre a vida de quem não tem natal. Mas o menino está dormindo nas palhinhas despidinho, e os anjos estão cantando por este que não teve frio, que sorte a dele, pois muitos outros dormem em camas, mas têm frio, um frio que não vai embora nem com cantigas, nem com edredons, nem com estrelinhas, nem com jingle bells. Um frio que se instala quando a hipocrisia do natal do consumo desperta e dura e dura e dura, porque é feito de pilhas duracell, daquelas que o coelhinho da páscoa usa.Mas outros há para quem o frio é mesmo real e que não têm cama, nem de palhinha,  nem pilhas duracell e olham para aquelas estranhas flores eléctricas das árvores que lhes servem de tecto todas as noites e perguntam se os anjos da canção também não cantam por eles, ou se os senhores da televisão que falam de contenção são doutro país, ou será contenção uma outra palavra qualquer, ligada a contentores do lixo, será que vão cortar o único local onde eles conseguem arranjar papelão para se cobrirem e restos de alimentos. Sim, de resto em nada mais eles vêem cortes, a cidade está tão iluminada como sempre esteve, os senhores saem carregados das lojas como sempre saíram, e o natal começou em novembro, como sempre começou. Mas as cantigas continuam e desejam a todos um bom natal, como o john lennon imaginava o mundo, assim esse mesmo mundo deseja oum bom e feliz natal a todas as famílias unidas no coração do grande e maravilhoso criador, seja lá ele quem for.
Christmas Nigth
Paul Gauguin

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Os cinco e a faixa amarela



Não posso deixar de expressar o meu total apoio, assim como demonstrar a minha admiração  perante a coragem, a convicção e determinação dos cinco estudantes de Beja que ontem aderiram à greve dos estudantes do Ensino Secundário.

Eram apenas cinco. 
Cinco estudantes devidamente escoltados pelas forças de segurança, ainda sem os tão desejados carros blindados, apenas com duas viaturas, uma motorizada e um total de 10 elementos.

Estou certa que após a cimeira NATO, futuras manifestações estudantis deste tipo terão pelo menos um blindado, pois de cinco alunos com uma faixa amarela tudo se pode esperar... 
-  Discordância dos transeuntes quanto às palavras de ordem escolhidas;
- alguma manifestação de discórdia relativamente à cor escolhida para a faixa, pois nem todos gostam do amarelo, e isto no Alentejo....
- Pasmo geral provocado pelo número de manifestantes.

 Tudo isto, (cinco estudante e uma faixa amarela), constituem potenciais  factores de distúrbio à ordem pública, plenamente justificativos dos gastos do combústivel com dois carros, uma motorizada e o tempo de dez homens!! Ah e futuramente da utilização dos blindados, claro!

Assaltos? Onde? (só no MF e no OE)



quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Manifesto Anti-S

Basta!! PLIM, PLIM, PLIM!!
Basta e Basta!!


Um País que consente deixar-se representar por uns S é um país que nunca o foi (disse ele), nunca o será (acrescento eu)! É um coio de indigentes, de indignos e de cegos (disse ele), de corruptos, de inábeis, de mentirosos,  de sucateiros, de oportunistas, de boys for the jobs (digo eu)! É uma resma de charlatães e de vendidos e só pode parir abaixo de zero (disse ele). Ou vender-se, por inteiro,  às fatias ou às rodelas ao penico da Europa (Brux) (digo eu).
Abaixo a geração dos S! (dizemos os dois)

Morram os S, morram! Plim!

Uma geração com uns S a cavalo é um burro impotente (disse ele). E que anda para trás pois, mesmo que fossem potentes, para que queremos nós carregar burros? (digo eu)!

Uma geração com uns S à proa é uma canoa uni seco (disse ele). É como um pinguim no deserto, um falhado! (digo eu)
Os S são uns  ciganos (disse ele).  Um perigo (digo eu)!
Os S são meios ciganos (disse ele), meios ciganos. Concordo plenamente, nunca sabemos qual das partes está a falar.
Os S saberão gramática, saberão sintaxe, (disse ele). Saberão auto elogiar-se,  saberão dar o dito por não dito, saberão pavonear-se, saberão tudo menos governar, que é a única coisa que eles tentam fazer (digo eu)
Os S são uns habilidosos (dizemos os dois)!
Os S vestem-se mal (disse ele).  Mas isso era antigamente, (digo eu), agora vestem-se na loja mais cara do Mundo (digo eu).
Os S são S (dizemos os dois)!
Os S são Júlio (disse ele). Os S são Antónios, Anibais, Josés, Silva, Sousa, Santos, Santanas e os outros. Os burros, os sucateiros,  os chico-espertos, os oportunistas, os idiotas, os arranjistas, os vendidos, os imbecis, os párias, os ascetas (digo eu).
 
Morram os S! Morram!Plim!

Os S nasceram para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever (disse ele), ou que tentam governam sabem governar (digo eu)!
Os S são uns automatos que deitam pra fora o que a gente já sabe que vai sair... (dizemos os dois), lixar o Zé (digo eu)...mas  é preciso deitar dinheiro (dizemos os dois)
Os S são um soneto deles próprios (disse ele). São as emendas aos sonetos deles próprios (digo eu)!
Os S em génio nunca chegam a pólvora seca e em talento são pim-pam-pum (disse ele).Acrescento, génio e talento governativo...

Morram os S! Morram!Plim!

Os S são o escarneo da consciência (disse ele). Os S têm consciência? (pergunto eu)

Morram os S! Morram!Plim!

Portugal  com todos estes senhores conseguiu a classificação do País mais atrasado da Europa e de todo o Mundo (disse ele), mais corrupto, mais fabulasticamente endividado (digo eu). O entulho das desvantagens e dos sobejos (dizemos os dois).
Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia, se é que a sua cegueira não é incurável, e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado! (dizemos os dois)

MORRAM OS S, MORRAM! Mão.jpg (2277 bytes)PIM!

Almada Negreiros
Autor do Manifesto Anti-Dantas
Imagem retirada daqui