by Ana

Um espaço para partilhar as "tolices" de cada dia, de uma forma descontraída, descomprometida e com algum sentido de humor. Only that.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Ecooosss

Tenho sido uma menina bem comportada aqui neste SPA de cinco estrelas, onde me encontro.
Levanto-me ao toque de despertar, às 8h00, sem tugir nem mugir. Dirijo-me, ordeiramente, para a minha cabine de duche. Inicio a minha higiene matinal, bem ao estilo do melhor SPA com o conjunto da Body Shop, aroma a morango que a minha amiga amiga Angels me ofereceu há umas duas semanas atrás (gel de banho, esfoliante, creme, etc…). Second part, dentes, cremes, perfumes, roupa e echarpe a condizer, sempre. Seguem-se os rituais todos e mais alguns próprios de uma dama que acaba de completar forty six, mas que sente o esplendor da idade renovar de uma forma mais segura e tranquila, soltando um novo perfume aromatizado de sonhos, de projectos e de fé.
Após todos estes rituais de beleza (absolutamente desnecessários, diga-se de passagem, pois a minha beleza natural fala por si), eis a Ana, sorridente, afável, a tentar acordar a sua colega de suite, a V., ou a circular pelos corredores do SPA. Leio os jornais diários, verifico emails e comentários ao blog e pequeno almoço, sempre bem disposta.
Esta semana, acrescentei uns anéis à indumentária e os decotes vão-se pronunciando, anunciando a chegada da primavera.
Hoje, porém, ao chegar à cabine de duche, a água estava gelada. Brbrbrbrbrbrbr!!!
A muito custo, lá consegui. Uma aqui, outra ali e outra fica para depois.
Ao pequeno almoço, conversa à mesa centrou-se sobre a ceia de ontem, os “Parabéns a Você” e as velas. Hoje ainda comemos “os restos do bolo”. Até aqui tudo bem, tudo normal, tudo de acordo com as rotinas, com os bons hábitos e costumes, com as regras, com as normas.
10h00, a V., veio dar comigo deitada na cama, a tremer. Preocupou-se. Instintivamente, fez-me uma festa no cabelo e eu deixei soltar uma lágrima. Ela, coitada, não está habituada a que a “generala” fraqueje, a que a “sempre a rir” também verta lágrimas. Perguntou, muito a medo “quer falar?” Não, não quero. Está tudo bem, já passa. Claro que ela ficou alarmada. A seguir veio a empregada. Dra. Ana, o que se passa? Nada, não é nada. São aquelas coisas do mês… Mas acho que não fui muito convincente. Passado cinco minutos, veio a enfermeira. “Dra. Ana, precisa de algum comprimido para a dor?” “ Comprimido para a dor, pensei? Qual dor? A da alma? É que hoje ainda não fui à capela.” “Não, não preciso” “Mas não está com dores menstruais?” “Ah, não, é só um desconforto!”. Passado outros cinco minutos, a terapeuta. “Dra Ana, posso ser útil? Umas massagens?” “ Não, são só uns tremeliques. Sabe, a água estava fria, hoje de manhã, no duche, devo ter apanhado uma pontinha de uma constipação”. Pensei que talvez com esta me safasse de mais interrogatórios ….
Pois… pensei.
Cinco minutos depois, a minha médica, “Ana, que se passa? Vamos lá falar. Deixe-me lá auscultá-la!Ou prefere falar?”
Pensei, Ana… fala agora ou calas-te para sempre. Daqui a um quarto de hora és capaz de ter a Ministra da Saúde à porta! Falei e disse.
Nunca pensei que fosse tão importante! Mas com quem eu queria mesmo falar, não falei, não estava e não apareceu…

terça-feira, 30 de março de 2010

Forty six

Olá!
Hoje completo 46 movimentos de translação em redor do astro rei.
46 primaveras
46 outonos
46 invernos
46 verões
Inúmeros sonhos
Outros tantos pesares
Um sem número de sorrisos
Incontáveis gargalhadas
Infinitas lágrimas
Momentos de glória
Instantes dor
Pedaços de cor
Rasgos amor
Mas pelo sonho é que fui
Mas pelo sonho é que vou
Mas pelo sonho é que continuarei
46...anos
1+ 3 vidas

segunda-feira, 29 de março de 2010

Destinos



Tenho estado ausente, por bandas distantes.
Aconselho-as vivamente.
Não divulgo o nome porque não me pagam a publicidade e também porque não quero enchentes... estes sítios são para se manterem preservados das multidões.
Vou cá passar mais alguns tempinhos. Hasta ver. Como dizem nuestros hermanos... hasta ver.
Bj

P.S.: A música é uma das minhas preferidas. A voz do Paulo e um poema lindo de José Niza.

domingo, 28 de março de 2010

Regresso


Yo me levanté de mi cadáver, yo fui en
Busca de quien soy. Peregrina de mi,
He ido hacia la que duerme en un
País al viento.

Alejandra Pizarnik

M., de sobrinha

Foto de Ana F.
Depois dos três filhotes e do papá, o meu outro tesourinho. A minha sobrinha que todos os que me seguem neste blog conhecem por M..
M. de Madalena.
A Madalena não tem a determinação da prima; não tem nenhum handicap como o Nuno e, por tal, nenhum obstáculo (visível) que precise de ultrapassar; também não tem é a “eterna” menina como o Carlos.
A Madalena é uma menina dócil, encantadora, obediente, com um sorriso vivo e caloroso, uns olhos muito brilhantes que percorrem o mundo que a rodeia com a mesma suavidade que ela percorreu os quinze anos de vida: bailando graciosamente, em pontas, de modo a causar o minimo barulho possível, de modo a que não dessem por ela.
Mas demos por ela sim. E muito. Eu dei por ela. Os avós deram por ela. A mãe e o tios deram por ela. Os primos, os amigos deram por ela. Impossível não dar por ela.
Não consigo descrever a alegria que aqueles olhinhos e aquele sorriso transmitem assim como a força que aquele abraço transporta, ao mesmo tempo que diz “TIA!!” e eu respondo “SOBRINHA!!” É assim que nós nos tratamos.
Há cerca de um ano atrás, a M. telefonou-me e disse: “Tia, demoras muito a vir para casa?”. Não. Por acaso vou a caminho. Porquê? “Tenho uma coisa para te mostrar”. Ok. Pensei: lá vem bomba, Ana. Mais um teste com uma bruta negativa que tu vais ter de ajudar a tua sobrinha a mostrar ao avô (meu pai).Mas as tias são para isto mesmo…
Cheguei a casa e vi a M., sentada nas escadas, com a mochila nas pernas, encostada ao peito, como se guardasse um tesouro.
“Que foi desta, Madalena?”
“Tia, fazes-me um favor?”
“Faço, mas o que é que se passa? Que nota é que tiveste?”
“Não é nada disso, tia. Podes ficar com esta gatinha?”
E tira de dentro da mochila uma gatinha bebé, linda, linda, com cerca de três semanas.
“Mas eu já tenho um gato com 4 anos, Madalena!!”
Claro que experimentámos, o gato não admitiu a gatinha e tivemos que arranjar outra solução.
Entretanto, andámos a passear pelo Fórum, com a gatinha dentro da mochila e a M. a alimentá-la de fatias de fiambre e de queijo, durante uma tarde, enquanto pensávamos numa estratégia para convencer o avô…Mas conseguimos!! Claro que o meu papá acabou por ceder aos meus apelos e claro que a minha sobrinha ficou toda feliz da vida com a sua gatinha e eu toda feliz com a felicidade da minha sobrinha.
Para além do que já referi, a M. é muito mais do que uma menina que queria uma gatinha.É a outra filha que me visita no hospital ou me faz companhia quando eu estou doente, em casa.
Mas também tem as suas maluquices. É aquilo a que eu chamo de “micoses agudas” Todas as semanas “apanha “ uma diferente. Cada semana tem um problemas diferente nas unhas. Ora pintas roxas, ora bolas cor de laranja. Por vezes são riscas pretas. Às vezes aparecem uns brilhantes ou umas riscas prateadas…
Fica toda vermelha quando eu pergunto”Qual a micose desta semana?”, sobretudo se a pergunta é feita em frente do “papão” (leia-se avô). Encolhe as garras, como o “papão” só reparasse nelas quando eu pergunto…
Uma vez estávamos à mesa, a jantar e ela queixava-se das borbulhas. Eu com a maior das naturalidades e certamente por defeito de formação disse: “Se começares a tomar a pílula, isso passa”. A M. mudou de cor, a seguir engasgou-se, depois olhou para o “papão”, depois disse “TIA!!”. Depois corou, corou, até à raiz do cabelo, a seguir calou-se a olhar para o avô.
O meu pai calou-se. Nada disse. Eu fiquei sem saber o que estava a passar, que praga teria rogado, que blasfémia teria dito para ter sido repreendida por uma garota de 15 anos e merecer um silêncio reprovador de meu pai. Às duas por três, encolhi os ombros e disse: “Mas o que é que se passa aqui? A pílula não é só para evitar a gravidez!” A M. não aguentou mais, depois de ter tido todas as reacções possíveis, de tentar mais uma vez passar em bicos dos pés, sem que ninguém desse pela existência de uma adolescência com borbulhas lá em casa, teve que ceder à irreverência própria da idade e rir de uma forma solta e desinibida com aquilo que para ela ainda é o fruto proibido, uma coisa tão banal como… borbulhas e pílulas.
É a minha M., de sobrinha.
P.S.: A gata chama-se R., de gata (Raquel)

terça-feira, 16 de março de 2010

Há uma explicação!!

Desculpem, mas o meu espírito racionalista e eminentemente científico não pode aceitar tamanho absurdo!
Tem de haver uma explicação racional, plausível mesmo assente nas ditas ciências sociais que justifique tal facto.
Já sei que vou ser bombardeada. Mas não se preocupem, podem fazê-lo à vontade, que estou preparadíssima e cheia de argumentos cientifica e emocionalmente válidos.
Mas meus senhores e minhas senhoras expliquem-me lá, se souberem e se puderem, qual razão que leva o SLB a ser o maior clube nacional?
Sei que foi um grande clube, sim senhor. Até visitei o museu do clube, há uns anos, com o meu filho Nuno (coisas de mãe). Mas eu disse foi.
Bolas de trapo, camisolas a lembrar camisolas interiores, enfim…outros tempos.
Até vi uma taçitas já muiiiiito gastas de tantas vezes que lhes devem ter puxado o brilho!! Para não falar das que devem ter gasto, também, só com o olhar!!!
Tempos muito idos, mais idos que os cabelos genuinamente negros do grande Pantera Negra.
Mas isso é História. Passou. Não entendo como as novas gerações conseguem continuar a viver e vibrar à sombra da história.
E há mais… e pior.Já repararam que raramente se encontra um português nascido fora do território nacional, vulgo território continental, que não seja adepto dessa cor…desse clube? Mas porquê? Mas porque carga de água, My God? Por serem já pessoas de uma certa idade e esse clube ser o único orgulho que a bandeira verde e vermelha fazia ter no seu país de origem? É isso?
Mas os tempos mudaram!! E agora é o meu FCP que traz orgulho ao nosso rectângulozinho. 1987. Ganhámos tudo quanto havia para ganhar, nunca mais me esqueço deste ano!! Grande FCP!!! Repetimos a proeza, anos mais tarde, com o Mourinho à frente da equipa, depois de ter sido, literalmente, escorraçado pelos “gloriosos” (“glorioso” de outros tempos, claro). Foi a rampa de lançamento do treinador.
Não entendo como as novas gerações continuam a fazer daquele clube (que se auto proclama de glorioso, que se coroa a si próprio, que só apresenta dois ou três jogadores portugueses no relvado, em cada jogo, que têm vindo a deixar descair o seu inaudito palmarés ao longo dos anos), o “maior clube português”.
Ou por outra, entendo.
Querem que eu diga, eu digo, não me custa nada. Até já assisti à cena, ao vivo e a cores. Ora vejam:
As criancinhas mal nascem, vêem o papá com uma máquina fotográfica em punho a tirar-lhes o retrato. Depois deixam de ver o papá.
Entretanto, o papá sai a correr da maternidade, vai a loja mais próxima onde revelam a foto digital, corre até ao estádio desse clube, inscreve o seu petiz, cola a foto recém revelada no cartão de sócio nº 2104593, volta a correr para a maternidade e pendura o cartão de sócio no berço do desgraçado do Eusébio Manuel Vale Azevedo, ao mesmo tempo que coloca a águia de peluche aos pés do berço.
Quando o Eusébio volta a acordar para a primeira mamada, a primeira coisa que vê é a sua foto colada num cartão ao lado de um pássaro amarelo de asas ameaçadoramente abertas , com umas palavras escritas em latim que ele nunca entenderá. Mas como é a primeira vez que irá experimentar o seio da mãe, e isso sim é uma sensação agradabilíssima, estabelece-se uma associação de ideias, no seu inconsciente, da qual ele nunca se aperceberá, mas nunca irá esquecer. Só a psicanálise conseguirá desvendar o mistério e libertar o Eusébio do martírio…
Et voilá.
P.S.: Hoje, prometeram-me um jantar no melhor restaurante de Lisboa, caso o SLB ganhe o campeonato. Peço sugestões sobre bons restaurantes em Lisboa e arredores (excluindo margem sul).
P.S2: Prefiria estar 2 anos sem jantar a ver o SLB ganhar o campeonato, mas já que tanto insistiram em oferecer o dito jantar...

segunda-feira, 15 de março de 2010

O meu auto retrato


(Este post insere-se no desafio do Bloggincana para o mês de Março)


Por onde começar? Pelo o que considero ter de bom ou pelo considero ter de menos bom? Sim, porque de mau não tenho rigorosamente nada!!
Decido começar pelo que tenho de menos bom.
Sou muito teimosa. Mas para haver uma teimosa tem que haver outro ou outra, por isso o problema não pode ser atribuído somente a mim, logo não será culpa exclusivamente minha, certo? (esta palavra é outro problema que eu tenho…).
Sou um bichinho ciumento muito para além do célebre qb, o que me tem trazido enoooormes problemas; possessiiiiva, tendo plena consciência que ninguém é de ninguém. Zelosa daquilo que é o meu espaço e a minha privacidade.
Temperamental. Mas o que é a vida sem um pouco de temperamento? É o “salero” da vida, o que lhe dá cor. Verdade, como dizem nuestros hermanos?
Sou muito impaciente, aliás, como farmacêutica de formação, penso inscrever-me num mestrado e dissertar sobre o tema “Comprimidos de Paciência e Injectáveis controladores da Precipitação”. Acho que vou fazer furor no meio!As indústrias farmacêuticas vão guerrear pela patente! Já estou a ver…
Gosto de liderar, o que não é propriamente um aspecto menos bom, se soubesse delegar competências nos outros. Eu até sei delegar, só que tenho receio de as delegar, pelo simples facto de quando chega o “pente fino” quem tem de prestar contas sou sempre e invariavelmente eu!!
Disse-vos que era orgulhosa?
Sou Carneiro de signo ocidental, ascendente Leão e Dragão do oriental. Tudo fogo, muito fogo. Agora enquadrem vocês esta informação nos aspectos menos ou mais positivos do meu autoretrato.
Passando para aquilo que considero de bom. Ai,.. ai aí ai a lista é infindável.
Não falando da árvore genealógica, começo pelo meu sangue azul, de dragoa. Desta não de signo oriental, mas do FCP. Nem mais!
Sou portuguesa dos sete costados, grande parte deles do norte, pois claro, dos bravos da nação. Mas não é daí que vem a garra e a perseverança, tão pouco a simpatia exacerbada pelo FCP.
O meu segundo é o SCP. Também gosto dos verdinhos, ou não fosse filha do meu papá!
Sou perseverante e muito zelosa daquilo que faço (repetitiva, é do PDI).
Sou uma eterna sonhadora. Sonho, sonho e sonho. É o que se pode chamar uma sonhadora eterna e dedicada à causa (perdida). Tão dedicada ao sonho como às pessoas de quem gosto, melhor, às pessoas que amo. São poucas, mas amo-as a sério, e quando amo, amo. Os meus filhotes, a minha sobrinha M., o papá e mais nem às paredes confesso. Ah! O Carlos! Sim, o do fado!
Os outros amores, confessáveis, são a leitura, o cinema e, dentro destes últimos, o mais sublime, o supremo, o superior, o principal, o celestial, o divino, … viajar, viajar e tornar a viajar. Comboio, carro, barco, avião, passarola, canoa,…o que for, viajar.
Dizem que tenho algum sentido de humor, mesmo nas piores ocasiões, mas acho mesmo que são bocas da reacção, pois não me acho lá grande piada. Também ao fim de tantos anos a conviver comigo, como posso achar piada sempre à mesma pessoa?
Sou uma giraça com montes de curvas e contra curvas e extra curvas (um bónus do PDI). Um cabelo liso e negro liiiindooooo, uma pele branca com umas “caganitas” de mosca estrategicamenete colocadas no meu rosto (apenas no rosto). Dizem as bocas foleiras que a minha imagem de marca é o meu sorriso devastador.
Bom, acho que já vai longo.
Querem o retrato? Tem-no mesmo aqui em cima!

domingo, 14 de março de 2010

Papazito

Quando era miúda aprendi uma canção que era assim:
"Papazito já te tenho dito que não é bonito andares a enganar-me
Papazito já te tenho dito que não é bonito andares a enganar-me
Chora agora papazito chora que me vou embora pra não mais voltar
Chora agora papazito chora que me vou embora pra não mais voltar"

Lembro de a repetir vezes sem conta, a modos de desafio, escondida atrás de um canto ou de um cortinado, nos poucos momentos que via o meu pai em casa.
O meu pai sempre foi uma referência para mim. Sempre foi uma pessoa que eu admirei, se calhar pelos altos e baixos, sobretudo pelas vezes que caiu e que se reergueu ao longo dos seus sessenta e sete anos de idade. Não o quero comparar aos meus avós, seus pais. Não quero, nem posso. Mas o meu pai é o meu papá. Até hoje. Tenho 45 anos e ele continua a ser o papá.
Um destes dias telefonei-lhe (já não me lembro bem a propósito do quê) e perguntei-lhe, disfarçando a voz: papá, sabes quem fala? Ele respondeu, “claro que sei! Tenho quatro filhos, mas só um é que me trata por papá!”
Os meus amigos riem-se quando me ouvem atender-lhe o telefone: “ Sim, Papá”. Mas eu não me importo. É o meu papá, sim. Nos últimos três/quatro anos da minha vida, devo-lhe mais ternura, preocupações e carinho do que uma criança de três anos deve ao seu papá. Está sempre presente. Incondicionalmente a meu lado. Silenciosamente, mas a meu lado. Sofre as minhas dores e ainda sofre mais do que se eu tivesse cinco anos, porque as dores aos 45 são maiores do que aos 5 e ele sente isso. Maiores e parece que se multiplicam da noite para o dia. E também são maiores para uma papá de 67 anos do que para um papá de 25 anos, a quem já lhe faltam as forças e já lhe sobram os desgostos e o cansaço de uma vida, vivida num compasso de ritmo composto e um andamento entre o grave e o prestíssimo, passando por um alegro de quando em vez, numa panóplia de tonalidades que abrange do Dó menor ao Sol maior.
Recorda outros tempos, os tempos em que eu tinha cinco anos e ele vinte e cinco ou vinte e seis; os tempos em que os meus avós também estavam presentes e as dores eram repartidas por uma família; os tempos em que as dores eram outras e em que ele não era o “chefe” de quem se esperava o impossível, em que ele não era o pai de uma família, o responsável máximo e ao mesmo tempo o bicho papão, o monstro das bolachas, era apenas o papazito.
Para mim será sempre assim, o meu papá. O maestro da orquestra de um andamento Vivace de uma Valsa em Sol maior, aquela do:
"Papazito já te tenho dito que nunca me enganaste.
Não chores papazito que eu nunca me irei embora para não mais voltar. "
Amo-te muito, papá.

sábado, 13 de março de 2010

Três mil e tal

1 de Dezembro de 2009.
Venci a falsa timidez, ultrapassei a barreira psicológica que me sussurrava que escrever era somente para os eruditos, para os de letras e afins. Peguei no computador e, muito a medo, comecei. Primeiro um rascunho. Por cada palavra, três quatro tentativas. Delete, Back Space, Enter…Publicar mensagem, Editar mensagem. Revisora oficial de texto, editar mensagem novamente, novamente publicar, escolher imagem, carregar imagem. Com muito receio, passo a passo, comentário a comentário, Mil!! Que festa!!
Por razões que só a razão desconhece, parei por três vezes. Da primeira, regressei, a pedido de várias famílias; da segunda regressei, quando senti forças físicas para, hoje tornei a regressar e qual não foi o meu espanto quando o contador me indicou que o número de visitantes ultrapassava a conta que Deus fez, mas com três zeritos à frente.
Só pode ser das doidices que escrevo, a maior parte das vezes. Coisas sem qq valor literário ou científico. Apenas desabafos do dia a dia, a minha visão muito pessoal da realidade, o meu ponto de vista, por vezes demasiado umbicalista do universo, dotado de uma pitada de humor, aquela característica que faz parte do meu ser, do meu sorriso, das minhas “apetências sociais”, do meu código genético. Só pode ser mesmo por isso.
De qq forma, obrigada, queridos leitores e voltem sempre.
Beijos.
Ana

A beleza do que nasce e do que morre

Mas- perguntou Hypatia, com uma certa tristeza- tudo o que nasce deve morrer, mesmo que nasça na beleza? Devem morrer os versos de Safo ou a ternura e a delicadeza dos poemas de Ovídio; chegará a submergir-se no esquecimento a divina filosofia de um Platão? Chegarão a morrer, como dizem a profecia do templo de Denderah e os textos herméticos, as artes e ciências do Egipto, as suas escolas de Mistérios, o coração da sua mística inviolada?
In Hipátia, José Carlos Fernández

domingo, 7 de março de 2010

Uma mulher singular

Eu

O laço branco

Fui ver o filme de Michael Haneke, o realizador nascido a 23 de Março de 1942, em Munique, Baviera. Encontrei, na net, uma caracterização de "autor", a qual paso a citar "... há uma diferença enorme entre um realizador e um cineasta. O primeiro é alguém que sabe como transformar uma história em imagens, num filme. Tem o treino ou a experiência suficiente para o fazer. Já o segundo, é uma espécie completamente distinta. Para ele cada um dos seus filmes é muito mais que um trabalho com que se deparou. É algo para além de pessoal. É parte dele. E por isso os filmes dos cineastas – ou autores, se preferirem – do mundo são filmes feitos para quem vê o cinema como eles: como uma forma de expressão e comunicação elementares.”
Este filme venceu o Globo de Ouro para o melhor filme estrangeiro, atribuído pela Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA), a Palma de Ouro no Festival de Cannes, e os troféus para Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Argumento nos European Film Awards.
E agora? Que dizer?
Não gostei. Pronto. Sou uma cinéfila de sofá, de cinema comercial, que não conseguiu ver nas duas haras e meia de duração do “Laço Branco”, mais do que um policial que termina sem que os crimes sejam desvendados.

Um homem singular


Um filme singularmente belo, com uma excelente fotografia.
A outra perspectiva de cada amanhecer. Quando tudo deixa de ter ou fazer sentido, quando nada mais vale a pena, quando o dia que chega traz consigo a carga pesada de mais um, e mais outro, até que “ela” chegue, quando “ela” se transforma no último e único objectivo, quando se julga ter deixado de existir a outra metade de nós, quando nos sentimos amputados, quando nos sentimos mutilados pela ausência, quando só restam recordações, quando apenas encontramos fragmentos de nós.
A NÃO VER por criaturas apaixonadas, sobretudo as que se sentem amputadas.

Lisboa, por fim

De metrópole, chega-se a metropolitano. De metropolitano, abrevia-se para metro. Neste contexto, Metro significa não a medida de comprimento padrão, mas um transporte ultra rápido, subterrâneo, que geralmente existe nas grandes metrópoles (e lá voltamos ao início).
Saí do barco e tinha Lisboa a meus pés. Comboios suburbanos para um lado e o metro para outro.
“Por favor, para o metro…?”
“É já ali, à direita.”
E os bilhetes…?”
“Ah! Isso é nas máquinas automáticas, ali mesmo.”
“Obrigada”. O que vale é que este é um país onde tudo é já ali…
Máquinas automáticas… onde terão ficado aqueles guichets com os senhores simpáticos que nos vendiam os bilhetes e indicavam o caminho?
Primeira máquina:Tem cartão recarregável? “Sim”. Introduza-o. “Aonde?”.”Olhe desculpe, onde introduzo o cartão?”. “Nessa ranhura, ao lado”. Cartão não válido. “Como não válido, acabei de o comprar, do outro lado do Tejo!!”
Voltando ao princípio: Tem cartão recarregável? “Não” . Comprar cartão recarregável. “Que remédio..”. Escolha o tipo de bilhete: Menos de 10 anos, sénior, viagem simples, ida e volta, cão.
“Cão?????” mas que modernices são estas? Bilhete de cão??? Foi quando reparei que a máquina “do cão” tinha o logotipo da CP e não do metro.
“O metro è mais à frente, minha senhora.” Repeti tudo, mas o Lisboa Viva continuava inválido. Pois, deve haver uma Lisboa para a Transtejo que é diferente da Lisboa do metro. Comprar outro cartão e respectiva viagem.
E agora? As minhas conhecidas linhas de metro (Alvalade e Cidade Universitária), cresceram, para os lados, para a frente, para trás, tiveram filhos. Uns são amarelos, outros verdes, outros azuis e ainda há os vermelhos (tenho a impressão que o futebol não se pode queixar: SLB, SCP, Belenenses, FCP (em Lisboa) e a amarela fica para os desesperados, para os descrentes, para os perdidos nesta loucura que cruza aqui, interliga acolá.
Andei, andei, até chegar à linha, a verde (menos mal….). Olhei para o lado e li - Elevador para descer- “mas os elevadores agora descem? Não são só os santos que ajudam a descer?” Estás mesmo cansada, Ana, claro que os elevadores também descem. Pois é, amigos botões, ainda bem que trouxe casaco com botões, senão quem me esclarecia no meio desta confusão??
Lá apanhei a linha que queria, fiz transbordo para a outra que devia. As estações de metro, as novas, são lindíssimas, mas as pessoas… que Lisboa a minha!!
Não me entendo, túneis e mais túneis, ora sobe para a frente tornar a descer, volta à direita e depois à esquerda. “Aqui é a conexão com a linha amarela, a que quer é lá em cima”. Cima e subir eram palavras que já magoavam os ouvidos e faziam reclamar as pernas.
Ao fim de duas horas após ter saído de casa, encontro um sorriso: “Então, foi fácil, não foi?”
“Foi, muuuiiitooo. Só não sei é se consigo voltar”.

Até ao cais

Não posso falar mais de 10min seguidos. Para uma tagarela como eu é um suplicio!!
As entranhas por onde passa o bolo alimentar e que foram “recolocadas” durante a cirurgia, inflamaram, ganharam uma espécie de quistos… pelo que também não posso comer… (bênção dos céus !!).
Juntando ao útil ao desagradável, resta-me mexer. Juntando o mesmo útil ao agradável, resta-me ler, ver filmes. Organizar fotos.
Há muito muito tempo, menina e moça e aluna da faculdade, todos os dias apanhava o barco para Lisboa. Saía no Terreiro do Paço, corria até à paragem do 32 que parava em frente da faculdade (e assim continua), ou, se tivesse mais tempo, subia a R. Augusta até ao Rossio,metia-me no metro (linha de Entrecampos), até à estação terminal, depois subia a Av. das Forças Armadas, até ao Castelinho. Ricos 20 aninhos e adorados 55 Kg.
Entretanto cresci (para os lados), deixei de ser aluna universitária, deixei de andar de barco e de metro.
Acontece que também a minha vila de província se tornou numa cidade e a cidade grande, Lisboa, numa metrópole moderna.
Ontem, entendi repetir a façanha. Não vou conseguir colocar em palavras o que é sentir-me uma velha provinciana, de quase meio século, no balbucio da cidade grande.
Comecei por sair de casa com uma hora de antecedência, rumo ao famoso “Cais do Seixalinho”. Já me é conhecido, de levar ou buscar alguém… (de carro). É já ali ao virar da esquina…
A corta-mato, cheguei até à estrada que acompanha o rio. Passei junto à “fazenda do avô” e aqui assaltaram-me as memórias de uma infância vivida no campo, das melancias que apanhávamos quando ali chegávamos e as colocávamos no poço a refrescarem, da apanha da ervilha, da piscina, das festas de aniversário, da carroça guiada pela minha irmã a subir a encosta a galope e perder os pregos pelo caminho, dos cavalos e do picadeiro diário que tinha de fazer, do meu avô sentado num fardo de palha a cortar a batata de semente “Estás a ver? Tens de deixar um olho em cada pedaço, é por este olho que vai nascer a batateira”. Ontem, olhei e vi aquela imensa língua de terreno verde, rodeada de prédios de um lado e fábricas de outro, imponente sobre o rio, com a antiga casa dos cavalos e das alfaias em ruínas, mas ainda virgem de prédios, armazéns… É como se a “fazenda do avô” fosse a terra do Asterix!
Para além da quinta começava o terreno desconhecido… um sol quente (tudo que seja mais de 16º é quente), alcatrão e mais alcatrão. De carro é sempre a eito, mas comecei a descobrir azinhagas, caminhos, atalhos….Uma estrada alcatroada, novinha, parecia cortar caminho. Meti-me estrada adentro, sem trânsito, com um cheiro cada vez mais nauseabundo “Devo estar na direcção certa, a maré deve estar baixa”. Depois de 500m, a estrada termina, abruptamente, com um muro e um portão – AMARSUL –(ETAR). Decididamente…. O meu faro sempre me conduziu a… E agora? Faltavam 40 min para o barco, e montes de alcatrão pela frente.Bora e meter-me a corta mato, por estes terrenos tão verdinhos….Aí…minhas ricas calças de ganga, meus ricos sapatos Aerosoles… Era poça aqui, charco acolá, barro no outro lado, lama à frente. Um sapo que saltou e quase que me fez cair para trás, as canas caídas que se esborrachavam debaixo dos meus pés, urtigas… Patinagem semi-artística. Escorrega aqui, caí acolá, faz a espargata mais à frente. Por fim, a estrada. Uma canseira brutal. Uma hora de caminho.
“Um bilhete ida e volta, por favor”.
“Cartão Lisboa viva ou sete colinas?”
“Não, é só o bilhete.”
“Mas tem de ter o cartão. Ok. Lisboa Viva, soa bem, a quem está quase morta.”
“ E onde posso comprar uma garrafa de água?”
“Hoje é sábado, está tudo fechado, agora só quando chegar a Lisboa.”
Decididamente, o outro lá tinha razão. Estava no deserto, cheia de alucinações, a ver água por todo o lado, mas não podia matar a sede.

sábado, 6 de março de 2010

Hoje, a Princesa


Hoje calha a vez à Princesa. A ordem foi, naturalmente, do mais velho para o mais novo.
Uma menina foi o que eu desejei, desde sempre. Acho mais piada às meninas do que aos rapazes. Os vestidinhos, os laçarotes, a maneira de se expressarem, enfim… o mundo no feminino.
E à terceira foi de vez!!
Para o mais velho não existem barreiras, para o do meio as barreiras, se existirem, caem por si, sem o mínimo esforço ou empenho da parte dele.
A Princesa em tudo vê um obstáculo, um desafio, mas que é para ultrapassar, com muito esforço, dedicação, trabalho, mérito muito próprio.
Traçou o seu percurso, delineou os seus objectivos e é por eles que luta. Não sendo especialmente inteligente, como o irmão do meio, é tenaz, persistente, lutadora, defensora dos seus direitos, humilde qb, porque reconhece o seu esforço.
Tem o meu temperamento, a minha força de vontade. Por outra, corre-lhe nas veias o sangue da sua bisavó. Revejo os meus 16 anos nela, quando o ensino secundário era a grande barreira, o monstro que era capaz de decidir o nosso futuro. Mas o futuro dela foi ela mesma quem o decidiu, portanto, resta-lhe lutar.
A escola acima de tudo, se bem que volta não volta anda mouro na costa…
Se for necessário, dorme apenas 3 ou 4 horas, antes de um teste importante. Depois, é vê-la receber os prémios de mérito, ser agraciada com os primeiros lugares de um ou outro concurso…
Tem uma capacidade muito própria para as artes manuais (ao contrário da mãe). Pinta.
Mas tal como a mãe, adora escrever, botar para o papel os seus sentimentos, as suas angústias, as suas revoltas.
Dos três, é a mais difícil de “convencer”. É uma autêntica Toura!!
Em casa chamamos-lhe Patrícia, o nome da minha bisavó.
Lembro-me do dia do seu baptizado. Tínhamos escolhido uns padrinhos que não eram do seu agrado. Fez uma birra monumental, da qual ainda hoje se recorda, tal como recorda a sua escolha, a Célia, que é, segundo ela, a sua verdadeira madrinha. E se bem o pensou, melhor o diz e ainda melhor o mostra. É a Patrícia no seu melhor!
Podia dizer muito mais coisas, mas ela ficaria chateada. Apenas digo que é linda…

sexta-feira, 5 de março de 2010

Um selo


Olhem o selo que a Carla me ofereceu.
É uma querida.
Obrigada, Carla!!

L'Enfant terrible



Tenho três filhos os quais, escusado será dizer, são simultâneamente o maior tesouro e a minha maior preocupação (frase feita, comungada por todas as mães, Ok).
No outro dia falei do mais velho, o Nuno. Aquele jovem que com sangue de Leão e garras de Águia, ultrapassou o impensável. Tal como Jean Cocteau disse, em tempos "Não sabendo que era impossível, foi lá e fez".
Este é o Nuno.
Que dizer do irmão, o Carlos?
Pois, tarefa tão difícil quanto ingrata, a deste menino que veio ao mundo com um propósito muito firme – dar um irmão ao Nuno, o quanto antes, que o pudesse acompanhar, estimular, ajudar…ser “ a bengala” do Nuno.
O Nuno não se lembra de como era a vida sem o Carlos. O Carlos nasceu e cresceu sempre com o seu destino previamente determinado pelos pais, mas traçado por Deus que viu nele mais do que o irmão do Nuno.
Os dois irmãos começaram a gatinhar ao mesmo tempo; a andar ao mesmo tempo; foram para o infantário ao mesmo tempo, para a mesma sala. Tinham, inicialmente os mesmos interesses, mas ao fim de meia dúzia de anos, o Nuno procurava os amigos para jogar à bola (o Petit Roger, era como lhe chamavam, por ser loiro e pequenino como o jogador do seu SLB), e o Carlos ficava em casa, agarrado à televisão. Vá lá alguém perceber uma coisa destas…
No entanto, sempre soube o papel que lhe cabia. Ajudar, amparar, auxiliar o irmão. Era vê-lo, aos seis anitos de idade, carregar a mochila dele e do irmão. Era vê-lo ajudar o irmão a lavar-se, mas partes mais íntimas, a que não chegava. Era vê-lo a crescer, dotar-se da sua própria personalidade, distinta da do Nuno, mas igualmente fantástica.
O Carlos cresceu, o Nuno já não precisa dele (acho que nunca precisou, pelo menos da forma como imaginei). Tornou-se um acérrimo defensor da Natureza, um jovem solidário, um vanguardista, mas ao mesmo tempo um menino que parece não ter crescido. Teve a vida sempre condicionada, eu sei…
Mas também sei que é o meu grande amigo. Também sei que, quando estive doente, bastante doente, o Carlos desesperou. Ficava noites a velar por mim.
Uma vez, num acto tresloucado de desespero, ao ver-me prostrada na cama, começou a pontapear tudo o que via pela frente, incrédulo, revoltado, céptico com o que lhe estava a acontecer. Pegou num bâton e expressou nas paredes do meu quarto, bem em frente da minha cama, a sua indignação. Um código muito próprio dele, que até hoje não consigo entender, mas foi a sua forma de expressão. A mesma frase, pintada na parede, lá continua como que a fazer lembrar -me dele e desse seu momento de desespero.
Mas não cresceu… talvez um dia tenha tempo para pensar em si e crescer. Hoje, é o que se pode chamar de L'Enfant terrible, que acredita piedosamente que tudo lhe vem parar à mão, caindo do céu, sem o mínimo esforço. Dedicou-se ao surf, escolheu fazer uma disciplina por ano(!), e talvez um curso de cozinha aplicada à química ou química aplicada à cozinha, não entendo bem... Passou no exame de código à primeira vez, mas faz questão de chegar atrasado aos testes da única disciplina que está a fazer… isto quando se lembra que tem testes…
Tão depressa mergulha a mão do irmão num copo de água a ferver, enquanto este dorme, como vai limpar praias ou plantar árvores não sei muito bem onde.
Do mesmo jeito que testa o efeito da deslocação do ar sobre duas velas acesas no porta-bagagens do carro, é capaz de se tornar vegetariano, porque ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém, seja porco, vaca ou galinha. Para ele são seres vivos e ponto.
É diferente do Nuno, tal como da Patrícia (fica para a próxima), mas é um ser humano igualmente fantástico e, acima de tudo, é meu filho.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Hipócrisia


Olá
Por vezes dou por mim a pensar na hipócrisia que gira à volta de cada um de nós.
Somos, por excelência, animais que fingem bondade de ideias, como que “beatice” dos dias de hoje.
Vive-se como aquelas plantinhas da família das prumuláceas, pior, alimentamos os nossos ideais como insectos nevrópteros ou hemeróbios, de um jeito fátuo, néscio, podre, buzarate.
Somos todos membros de uma qualquer comandita pro-coactiva.
Praticamos o bem sem saber a quem. Vamos todos religiosa, piedosa e respeitosamente assistir ao sacrifício do corpo e do sangue de Jesus Cristo, todos os sétimos dias, mas recomenda-se a diária, no caso dos papa-missas.
Há sempre uma um congregado para se ocupar da nossa alma e elucidar a nossa mente, ora recorrendo a um apotegema, ora fazendo menção da doutrina de um conspícuo.
Geralmente, depois das oferendas (ou antes, já não me lembro bem), sela-se com um profuso e copioso cumprimento a “paz do Senhor”. (Que essa da gripe A não se transmite pela Paz do Senhor)
Ainda de se recomenda, a declamação, em coro, da prima-obra do livro eucológico, onde se apela à misericórdia, ao perdão, à remissão da culpa, à absolvição, à benevolência de todos os crentes relativamente aos seus infensos e malquerentes.
Saímos de coração aberto, leveza de alma e a sensação moral de que a acídia ou a tibiesa moram ao lado.
Tal como as prumuláceas, os nevrópteros ou hemeróbios tudo isto se resume, na maioria dos casos, a uns breves 60 minutos semanais.
Em nossa casa, dentro das nossas quatro paredes, volta a primar a acídia, a descrença, a prepotência, a arrogância, a sobranceria, a altivez, a insolência.
“…Assim como nós perdoamos aos nossos inimigos..”, , nada disso. Isso é só ao sétimo dia, dentro das paredes sagradas e para o padre ouvir!!!
Foi um desabafo!

P.S.: Juro que ainda não li “Caim” ou o “Evangelho segundo Jesus Cristo”
P.S. 2: Aconselha-se a consulta do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (www.priberam.pt)

quarta-feira, 3 de março de 2010

A nossa escolha de há sete meses

Ne me quitte pas
Il faut oublier
Tout peut s'oublier
Qui s'enfuit déjà
Oublier le temps
Des malentendus
Et le temps perdu
A savoir comment
Oublier ces heures
Qui tuaient parfois
A coups de pourquoi
Le coeur du bonheure

Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas

Moi je t'offrirai
Des perles et des pluie
Venues de pays
Où il ne pleut pas
Je creuserai la terre
Jusqu'après ma mort
Pour couvrir ton corps
D'or et de lumière
Je ferai un domaine
Où l'amour sera roi
Où l'amour sera loi
Où tu seras reine

Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas

Ne me quitte pas
Je t'inventerai
Des mots insensés
Que tu comprendras
Je te parlerai
De ces amants-là
Qui ont vu deux fois
Leurs coeurs s'embraser
Je te racontrai
L'histoire de ce roi
Mort de n'avoir pas
Pu te rencontrer

Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas

On a vu souvent
Rejaillir le feu
De l'ancien volcan
Qu'on croyait trop vieux
Il est paraît-il
Des terres brûlées
Donnant plus de blé
Qu'un meilleur avril
Et quand vient le soir
Pour qu'un ciel flamboie
Le rouge et le noir
Ne s'épousent-ils pas

Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas

Ne me quitte pas
Je ne vais plus pleurer
Je ne vais plus parler
Je me cacherai là
A te regarder
Danser et sourire
Et à t'écouter
Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main
L'ombre de ton chien
Ne me quitte pas

Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas