by Ana

Um espaço para partilhar as "tolices" de cada dia, de uma forma descontraída, descomprometida e com algum sentido de humor. Only that.

domingo, 28 de março de 2010

M., de sobrinha

Foto de Ana F.
Depois dos três filhotes e do papá, o meu outro tesourinho. A minha sobrinha que todos os que me seguem neste blog conhecem por M..
M. de Madalena.
A Madalena não tem a determinação da prima; não tem nenhum handicap como o Nuno e, por tal, nenhum obstáculo (visível) que precise de ultrapassar; também não tem é a “eterna” menina como o Carlos.
A Madalena é uma menina dócil, encantadora, obediente, com um sorriso vivo e caloroso, uns olhos muito brilhantes que percorrem o mundo que a rodeia com a mesma suavidade que ela percorreu os quinze anos de vida: bailando graciosamente, em pontas, de modo a causar o minimo barulho possível, de modo a que não dessem por ela.
Mas demos por ela sim. E muito. Eu dei por ela. Os avós deram por ela. A mãe e o tios deram por ela. Os primos, os amigos deram por ela. Impossível não dar por ela.
Não consigo descrever a alegria que aqueles olhinhos e aquele sorriso transmitem assim como a força que aquele abraço transporta, ao mesmo tempo que diz “TIA!!” e eu respondo “SOBRINHA!!” É assim que nós nos tratamos.
Há cerca de um ano atrás, a M. telefonou-me e disse: “Tia, demoras muito a vir para casa?”. Não. Por acaso vou a caminho. Porquê? “Tenho uma coisa para te mostrar”. Ok. Pensei: lá vem bomba, Ana. Mais um teste com uma bruta negativa que tu vais ter de ajudar a tua sobrinha a mostrar ao avô (meu pai).Mas as tias são para isto mesmo…
Cheguei a casa e vi a M., sentada nas escadas, com a mochila nas pernas, encostada ao peito, como se guardasse um tesouro.
“Que foi desta, Madalena?”
“Tia, fazes-me um favor?”
“Faço, mas o que é que se passa? Que nota é que tiveste?”
“Não é nada disso, tia. Podes ficar com esta gatinha?”
E tira de dentro da mochila uma gatinha bebé, linda, linda, com cerca de três semanas.
“Mas eu já tenho um gato com 4 anos, Madalena!!”
Claro que experimentámos, o gato não admitiu a gatinha e tivemos que arranjar outra solução.
Entretanto, andámos a passear pelo Fórum, com a gatinha dentro da mochila e a M. a alimentá-la de fatias de fiambre e de queijo, durante uma tarde, enquanto pensávamos numa estratégia para convencer o avô…Mas conseguimos!! Claro que o meu papá acabou por ceder aos meus apelos e claro que a minha sobrinha ficou toda feliz da vida com a sua gatinha e eu toda feliz com a felicidade da minha sobrinha.
Para além do que já referi, a M. é muito mais do que uma menina que queria uma gatinha.É a outra filha que me visita no hospital ou me faz companhia quando eu estou doente, em casa.
Mas também tem as suas maluquices. É aquilo a que eu chamo de “micoses agudas” Todas as semanas “apanha “ uma diferente. Cada semana tem um problemas diferente nas unhas. Ora pintas roxas, ora bolas cor de laranja. Por vezes são riscas pretas. Às vezes aparecem uns brilhantes ou umas riscas prateadas…
Fica toda vermelha quando eu pergunto”Qual a micose desta semana?”, sobretudo se a pergunta é feita em frente do “papão” (leia-se avô). Encolhe as garras, como o “papão” só reparasse nelas quando eu pergunto…
Uma vez estávamos à mesa, a jantar e ela queixava-se das borbulhas. Eu com a maior das naturalidades e certamente por defeito de formação disse: “Se começares a tomar a pílula, isso passa”. A M. mudou de cor, a seguir engasgou-se, depois olhou para o “papão”, depois disse “TIA!!”. Depois corou, corou, até à raiz do cabelo, a seguir calou-se a olhar para o avô.
O meu pai calou-se. Nada disse. Eu fiquei sem saber o que estava a passar, que praga teria rogado, que blasfémia teria dito para ter sido repreendida por uma garota de 15 anos e merecer um silêncio reprovador de meu pai. Às duas por três, encolhi os ombros e disse: “Mas o que é que se passa aqui? A pílula não é só para evitar a gravidez!” A M. não aguentou mais, depois de ter tido todas as reacções possíveis, de tentar mais uma vez passar em bicos dos pés, sem que ninguém desse pela existência de uma adolescência com borbulhas lá em casa, teve que ceder à irreverência própria da idade e rir de uma forma solta e desinibida com aquilo que para ela ainda é o fruto proibido, uma coisa tão banal como… borbulhas e pílulas.
É a minha M., de sobrinha.
P.S.: A gata chama-se R., de gata (Raquel)

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