by Ana

Um espaço para partilhar as "tolices" de cada dia, de uma forma descontraída, descomprometida e com algum sentido de humor. Only that.

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Campeã da maratona....de sofá

Neste natal recebi poucos presentes, aliás, pouquíssimos. Por via da crise, obviamente, e também por via de já não ser nenhuma criança. Depois, houvera-me confessado, publicamente, vezes sem conta, zangada com o natal, com a hipocrisia do natal, com o despesismo do natal e resolvi mesmo  fazer boicote ao natal.
Nada de árvore de natal, nada de alaridos luminosos de natal, nada de embrulhos vermelhos com  laçarotes dourados a impedir a passagem na sala. Rien de rien.
No entanto (há sempre um entanto), uma das minhas amigas mais queridas fez ouvidos de mercador a esta minha crise e encontrou o presente perfeito para alguém de meia idade, adepta incondicional do grande FCP e fã número um de um sofá qualquer.


Olhem só o que a PS se lembrou: Umas pantufinhas, tipo ténis, tal qual os ténis do meu grannnnde FCP!
A acompanhar, a mensagem : Para a campeã da maratona de sofá e de leituras.
Isto é mesmo ser má língua!!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Novembro

Tão inevitável, como inacreditável, como irritante, como temporalmente desajustado. As luzes, as estrelinhas, os pinheiros, os anjinhos tocadores de lira ou de uma espécie de vouvuzela dos tempos do éden, os pais natais, os laçarotes vermelhos, as estrelas cadentes vindas de todos os pólos, os trenós puxados a renas ou a mercedes topos de gama, a neve feita de algodão amargo, de esferovite, ou de pesadelos que se antecipam com dois meses de antecedência, as árvores  e os arbustros das avenidas grandes e das veredas pequenas que de repente ganham novas e luminosas flores multicolores fecundadas por cabos eléctricos, as montras preto, prata e vermelho e a música. Oh! a música, so fantastic. O coro da capela sistina, ou das meninas do colégio do sagrado coração, uma noite feliz e de amor, uma em 365, já não é mau de todo, porque nesta noite brilha brilha lá no céu a estrelinha que nasceu, nas outras noites o céu é penumbra, como se penumbra não fosse sempre a vida de quem não tem natal. Mas o menino está dormindo nas palhinhas despidinho, e os anjos estão cantando por este que não teve frio, que sorte a dele, pois muitos outros dormem em camas, mas têm frio, um frio que não vai embora nem com cantigas, nem com edredons, nem com estrelinhas, nem com jingle bells. Um frio que se instala quando a hipocrisia do natal do consumo desperta e dura e dura e dura, porque é feito de pilhas duracell, daquelas que o coelhinho da páscoa usa.Mas outros há para quem o frio é mesmo real e que não têm cama, nem de palhinha,  nem pilhas duracell e olham para aquelas estranhas flores eléctricas das árvores que lhes servem de tecto todas as noites e perguntam se os anjos da canção também não cantam por eles, ou se os senhores da televisão que falam de contenção são doutro país, ou será contenção uma outra palavra qualquer, ligada a contentores do lixo, será que vão cortar o único local onde eles conseguem arranjar papelão para se cobrirem e restos de alimentos. Sim, de resto em nada mais eles vêem cortes, a cidade está tão iluminada como sempre esteve, os senhores saem carregados das lojas como sempre saíram, e o natal começou em novembro, como sempre começou. Mas as cantigas continuam e desejam a todos um bom natal, como o john lennon imaginava o mundo, assim esse mesmo mundo deseja oum bom e feliz natal a todas as famílias unidas no coração do grande e maravilhoso criador, seja lá ele quem for.
Christmas Nigth
Paul Gauguin

sábado, 26 de dezembro de 2009

The day after


Pronto, já passou mais um Natal.
Sem desmerecer a reunião da família, sinto este dia de uma forma estranha. Parece que o balão que fomos enchendo, enchendo, durante quase dois meses, foi alvo de uma alfinetada e ... puff, esvaziou-se.
A árvore de Natal deixou de ter a seus pés os embrulhos coloridos e laçarotes, que lhe conferiam aquela aura de mistério... (o que será? para quem será?). Os telemóveis deixaram de apitar freneticamente, com mensagens de boas festas, das mais variadas formas e para todos os gostos. A caixa de email deixou de acusar a recepção de quinhentas mil pesadas mensagens por abrir, acompanhadas das respectivas apresentações em PPT, que, com um clique do rato, acendiam uma luz na ponte ou faziam o Pai Natal entrar pela chaminé.
Parece que o mundo descansou, não ao sétimo, mas para aí ao sexagésimo dia depois do comércio ter aberto oficialmente, com toda a pompa e circunstância, a época do corre-corre.
Mas nem tudo está a salvo.
No que me diz respeito, ainda me resta uma casa para arrumar, a loicinha de "Ver a Deus" para guardar (até para o ano!), a cozinha para limpar, um frigorífico para organizar, e devidamente compartimentar em secções de "restos", as toalhinhas de linho para mandar limpar, o lixo orgânico para depositar num contentor, o papel de (des)embrulho no ecoponto respectivo e, finalmente, terei algum tempo para dedicar à leitura dos livros que recebi.
Ah!! ainda não posso ter esse privilégio. Há as aulinhas para preparar, pois só o ano civil termina para a semana e o lectivo continua, continua, continua.... (mas sem pilhas duracel!). Sabe-se lá com que novidades natalícias...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Quem faz o Natal


Na senda da narração dos Natais da minha infância, lembrei-me de um LP ( - LongPlay - ainda sabem o que isso é?) que surgiu por volta de 1977, com músicas de Natal diferentes daquelas mais tradicionais e que ainda hoje ouvimos em todo lado onde se pretende “apelar” ao espírito (consumista) desta quadra.
Recordo-me de o ouvir vezes e vezes sem conta e de cantarolar as músicas com a minha irmã. O LP, que era uma verdadeira homenagem aos obreiros do Natal, chamava-se “Operários do Natal” e tinha textos do Ary dos Santos e do Joaquim Pessoa, cantados pelo Carlos Mendes, Paulo de Carvalho e Fernando Tordo) .
Nunca mais o ouvi, mas aqui fica o link para os mais curiosos. Uma delícia!!
http://operariosdonatal.com.sapo.pt/menu.html

Os amigos (uma das músicas que ainda recordo)

Quem faz o Natal para todos nós?
São os amigos
Quem nos dá prazer e dá calor?
São os amigos
A quem é que damos a ternura?
É aos amigos
A quem é que damos o melhor?
É aos amigos
Os amigos são o nosso bolo de Natal
Cada amigo nosso vale mais que um Pai Natal
É um irmão nosso que trabalha no Natal
E com suas mãos faz a diferença do Natal
O dinheiro pouco importa
O que importa é a verdade
E a prenda mais valiosa
É a prenda da amizade
Quem faz das tristezas forças
E das forças alegrias
Constrói à força de Amor
Um Natal todos os dias.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Natal


Não quero parecer lamechas nem demasiado nostálgica, mas hoje, ao ver os meus sobrinhitos, lembrei-me de quando eu e a minha irmã tínhamos a idade deles e como vivíamos o Natal.
Era uma época muito diferente dos dias de hoje; as celebrações de Natal limitavam-se no tempo e no espaço. Não começavam quase dois meses antes, com a imensidão de lâmpadas de todas as cores nas árvores; não víamos casas transformadas em autênticas centrais eléctricas; ninguém imaginaria colocar um Pai Natal a subir por uma varanda.
A festa era dentro de casa de cada um, a casa da família, do patriarca ou do filho varão que congregava à sua volta as várias gerações de membros daquela família.
Tínhamos um pinheiro verdadeiro (ai, a consciência ecológica de então!) até ao tecto, no canto da sala. Olhando para trás, aquilo é que se podia chamar uma verdadeira árvore de natal! Não por ser real, mas pelo profusão de fitas metálicas de todas as cores, de bolas de vidro que espelhavam as mesmas fitas, de gambiarras arco-íris e de chocolates de várias formas, mas sempre alusivos ao Natal.
Quem não se lembra dos chocolates em forma de Pai Natal, embrulhados naquele papel de alumínio vermelho e prateado? O número de chocolates que resistia pendurado na árvore até à noite da consoada variava, de ano para ano, mas a sua presença era insubstituível.
Recordo a azáfama que se vivia na loja da minha avó. As couves portuguesas eram encomendadas com semanas de antecedência! Troncudas e tenras, ao mesmo tempo, para acompanhar o convidado de honra, o bacalhau, claro está!
Para além das couves e do bacalhau, creio que nada mais era encomendado, tudo era feito em casa, com esmero e dedicação e sempre com aquelas receitas que vinham desde as nossas bisavós e passavam de geração em geração.
Os tempos foram evoluindo e lembro-me de ver começar a fazer parte da mesa de Natal o “Tronco”, uma torta de pão de , recheada de doce de ovos e coberta com chocolate. Depois veio a “Lampreia de ovos” e assim sucessivamente, até se chegar ao camarão, aos patés, às tábuas de queijos e enchidos….enfim, sinais dos tempos …
Mas o ponto alto era a chegada do Pai Natal!!! E ele veio anos e anos a fio!! Sempre com a mesma sonora gargalhada, anunciava a sua chegada. Eu e a minha irmã sabíamos então que era hora de esconder as nossas cabecitas no imenso e caloroso colo do meu avô paterno, o avô João, enquanto o Pai Natal descia pela chaminé e colocava as prendas nas botas, sapatos, pantufas, meias e demais apetrechos que servissem para colocar nos pés.
Fazia-se magia! Era um momento mágico. Pontual. Às doze badaladas, lá se ouvia o OHOHO!!!
Curioso, a minha avó Elvira nunca estava na sala quando o Pai Natal chegava, mas isso não retirava, em nada, o encanto e a fascinação daquele momento único.
Quanto às prendas que recebíamos... Deixo para outra altura a descrição da emoção com que desembrulhávamos aqueles “mimos”, assim como a forma que arranjámos para descobrir de onde vinha aquele OHOHO.
Nestes últimos anos, tenho tentado manter este clima de magia com os meus sobrinhos. Enquanto o Pai Natal não chega, eu, o João e o Pedro reunimo-nos e estudamos as mil e uma estratégias possíveis de o prender , por uns momentos, lá em casa.
Um destes anos nevava em Bruxelas e os três, com os olhos pregados à janela e atentos a todos os movimentos suspeitos, vimos passar as renas e o trenó! Acreditem, vimos mesmo!!! O João, com 5 anos na altura, apressou-se a colocar junto da porta de entrada uma fatia de bolo rei e um cálice de vinho do Porto, para que o Pai Natal fosse bem recebido! (cá para mim este meu sobrinho tem jeito para a política… começou muito cedo a dominar a prática do suborno).
Mas teve pouca sorte, o Pai Natal tinha a chave da porta, entrou e só soltou a sua gargalhada quando saiu. Quanto ao bolo rei e ao vinho do Porto, nem tocou. Que desiludido o João ficou!!
E assim, tal como as receitas das rabanadas e dos sonhos, também esta receita de magia vai passando de geração em geração, com algumas adaptações aos tempos modernos, claro está… as casas já não têm chaminé e o Pai Natal não é adepto de exaustores.


Feliz Natal para todos vós!!