by Ana

Um espaço para partilhar as "tolices" de cada dia, de uma forma descontraída, descomprometida e com algum sentido de humor. Only that.

Mostrar mensagens com a etiqueta Nostalgia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Nostalgia. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 8 de abril de 2011

BLUES FÚNEBRE



Nunca me dei bem com calor excessivo (entenda-se mais do que 25º), com sol em exagero (isto é, nem uma nuvenzita a pintar o céu). 
Como se isto não chegasse ligo a TV e só ouço nomes começados por "Fs". Ele é FEED, ele é FMI, ele é Fitch, ele é ... é Funeral.
Foi exactamente isso que me veio à memória, de tantas vezes ouvir aquele som do F.
Numa destas noites em que o sono não chegava, atormentado por tantos Fs que me ...fraquejam  a alma(o que é que pensavam que eu ia escrever, hem?), pus-me a ver "Quatro casamento e um funeral".
Às duas por três, surge este poema:



BLUES FÚNEBRE

Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Impeçam o cão de latir com um osso enorme,
Silenciem os pianos e ao som abafado dos tambores
Tragam o caixão, deixem as carpideiras carpir suas dores.

Deixem os aviões aos círculos a gemer no céu
Rabiscando no ar a mensagem Ele Morreu,
Ponham laços crepe nas pombas brancas da nação,
Deixem os sinaleiros usar luvas pretas de algodão.

Ele era o meu Norte, meu Sul, meu Este e Oeste,
Minha semana de trabalho, meu Domingo de festa
Meu meio-dia, meia-noite, minha conversa, minha canção;
Pensei que o amor ia durar para sempre: foi ilusão.

As estrelas já não são precisas: levem-nas uma a uma;
Desmantelem o sol e empacotem a lua;
Despejem o oceano e varram a floresta;
Porque agora já nada de bom me resta.

W. H. Auden

Escusado será dizer que o filme acabou e eu esqueci os malditos Fs, mas fiquei a matutar noite dentro...sem sono, sem vontade de dormir.
Por que será que só damos o real valor a uma pessoa quando a perdemos? Por que temos que perder para aprender o valor real de algo ou de alguém?
Olho para a minha mais assídua companheira destes últimos tempos, a Julieta, uma gata de três patas, já com 15 anos, marrequinha, chatinha, mimadinha, mas má como as cobras. Farto-me de reclamar as dentadas que ela me dá, do pêlo que ela larga, das madrugadas que ela me rouba com o seu miar de bebé mimado a reclamar por colinho...
Mas quando ela se for...quando ele se for "Parem todos os relógios, desliguem o telefone..."

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Novembro

Tão inevitável, como inacreditável, como irritante, como temporalmente desajustado. As luzes, as estrelinhas, os pinheiros, os anjinhos tocadores de lira ou de uma espécie de vouvuzela dos tempos do éden, os pais natais, os laçarotes vermelhos, as estrelas cadentes vindas de todos os pólos, os trenós puxados a renas ou a mercedes topos de gama, a neve feita de algodão amargo, de esferovite, ou de pesadelos que se antecipam com dois meses de antecedência, as árvores  e os arbustros das avenidas grandes e das veredas pequenas que de repente ganham novas e luminosas flores multicolores fecundadas por cabos eléctricos, as montras preto, prata e vermelho e a música. Oh! a música, so fantastic. O coro da capela sistina, ou das meninas do colégio do sagrado coração, uma noite feliz e de amor, uma em 365, já não é mau de todo, porque nesta noite brilha brilha lá no céu a estrelinha que nasceu, nas outras noites o céu é penumbra, como se penumbra não fosse sempre a vida de quem não tem natal. Mas o menino está dormindo nas palhinhas despidinho, e os anjos estão cantando por este que não teve frio, que sorte a dele, pois muitos outros dormem em camas, mas têm frio, um frio que não vai embora nem com cantigas, nem com edredons, nem com estrelinhas, nem com jingle bells. Um frio que se instala quando a hipocrisia do natal do consumo desperta e dura e dura e dura, porque é feito de pilhas duracell, daquelas que o coelhinho da páscoa usa.Mas outros há para quem o frio é mesmo real e que não têm cama, nem de palhinha,  nem pilhas duracell e olham para aquelas estranhas flores eléctricas das árvores que lhes servem de tecto todas as noites e perguntam se os anjos da canção também não cantam por eles, ou se os senhores da televisão que falam de contenção são doutro país, ou será contenção uma outra palavra qualquer, ligada a contentores do lixo, será que vão cortar o único local onde eles conseguem arranjar papelão para se cobrirem e restos de alimentos. Sim, de resto em nada mais eles vêem cortes, a cidade está tão iluminada como sempre esteve, os senhores saem carregados das lojas como sempre saíram, e o natal começou em novembro, como sempre começou. Mas as cantigas continuam e desejam a todos um bom natal, como o john lennon imaginava o mundo, assim esse mesmo mundo deseja oum bom e feliz natal a todas as famílias unidas no coração do grande e maravilhoso criador, seja lá ele quem for.
Christmas Nigth
Paul Gauguin

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Quem faz o Natal


Na senda da narração dos Natais da minha infância, lembrei-me de um LP ( - LongPlay - ainda sabem o que isso é?) que surgiu por volta de 1977, com músicas de Natal diferentes daquelas mais tradicionais e que ainda hoje ouvimos em todo lado onde se pretende “apelar” ao espírito (consumista) desta quadra.
Recordo-me de o ouvir vezes e vezes sem conta e de cantarolar as músicas com a minha irmã. O LP, que era uma verdadeira homenagem aos obreiros do Natal, chamava-se “Operários do Natal” e tinha textos do Ary dos Santos e do Joaquim Pessoa, cantados pelo Carlos Mendes, Paulo de Carvalho e Fernando Tordo) .
Nunca mais o ouvi, mas aqui fica o link para os mais curiosos. Uma delícia!!
http://operariosdonatal.com.sapo.pt/menu.html

Os amigos (uma das músicas que ainda recordo)

Quem faz o Natal para todos nós?
São os amigos
Quem nos dá prazer e dá calor?
São os amigos
A quem é que damos a ternura?
É aos amigos
A quem é que damos o melhor?
É aos amigos
Os amigos são o nosso bolo de Natal
Cada amigo nosso vale mais que um Pai Natal
É um irmão nosso que trabalha no Natal
E com suas mãos faz a diferença do Natal
O dinheiro pouco importa
O que importa é a verdade
E a prenda mais valiosa
É a prenda da amizade
Quem faz das tristezas forças
E das forças alegrias
Constrói à força de Amor
Um Natal todos os dias.