by Ana

Um espaço para partilhar as "tolices" de cada dia, de uma forma descontraída, descomprometida e com algum sentido de humor. Only that.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Melgas

"Há melgas e melgas, há ir e voltar; há tios e tios que só nadam nos rios."

Foi assim que o meu tio me respondeu, há muuuuuuuuiiiitos anos atrás, quando eu teimava em querer empurrá-lo para dentro das ondas da praia da Sesimbra. 
Ficou-me para sempre, na memória, aquela frase doida como aquele tio, literalmente,  saído directamente de Woodstock.
Quarenta e tal anos depois do Woodstock, tudo continua na mesma. 
Há melgas docinhas, docinhas como o mel, daí a origem da palavra (MEL + ga); outras há que evoluíram, perdendo as ligações com as suas origens, logo com a sua essência, com a sua função, a de melgar, de ser como o mel e tornaram-se uma espécie de tios que só nadam nos rios. 
Estão lá, são importantes para tomarem conta de nós, para zelarem pela nossa segurança, nos darem aquele ombro amigo,  mas não entram connosco nas ondas frias de Sesimbra. 
São aquelas melguinhas cautelosas, sabedoras, prudentes, preocupadas, maduras, até já um pouco sisudas...que só entram nas ondas de Sesimbra, com bandeira verde, 3h depois do pequeno almoço e 2h antes do almoço, para que o fato de banho ainda seque, de braçadeiras, bóia com patinho quá-quá e nadador salvador por perto.
Depois, dizem:

"As braçadeiras? Deixa ver se têm ar suficiente."
"Sai daí! Não vês que estás a incomodar os adultos, com esses mergulhos?!"
"Nada para poente, para que não apanhes mais sol de nascente";
"Agora nada para sul, para que te bronzeeis no outro braço"
"Está na hora de sair da água" 
"Já puseste o protector?"
" Bebe água!" 
" Vai para a sombra!"
" Ocupa-te!! Faz qualquer coisa para te ocupares, mas não chateis mais a cabeça, nem me peças para ir à água outra vez!!"

 As outras, as MELgas, fazem esboçar muitos sorrisos nos rostos ora meio ensonados, ora meio entediados, ora meio deprimidos;
Encaminham-nos rio abaixo, dentro duma canoa qualquer, com bilhete só de ida e como bóia de salvação, a perspectiva de um sonho qualquer, algures entre o desaguar de um rio de lágrimas e o desabrochar de um sorriso.
Encantam com histórias de príncipes e princesas, de fadas, de Fernão Capelos, de sambas, de teorias inventadas à pressão ou construídas à medida das nossas necessidades.
Nem umas nem outras (as melgas e as MELgas) desarmam, eu sei, ambas as sub espécies são importantes e inestimáveis.
De uma vem apenas a poesia da vida; das outras, "o lápis azul", a correcção ortográfica, gramatical, lexical e de conteúdo.
Reconheço que gosto dos cinzentos do céu e do mar, mas por vezes os tons de rosa da vida fazem-nos falta, muita falta mesmo...

Imagem retirada de Deviantart
Good Frieds by Adnyl

4 comentários:

  1. Sou uma melga, Melga assumida não sei bem se me encaixo em algum padrão entre cautelosa pk detesto magoar, sisuda? Espero que não. Poesia da vida pk não? Ficar a cismar, a sofrer para quê? Quando há tanto mar para navegar...
    Se a vida for fantasia/ e o amor ilusão/ que ela seja alegria, e dê asas ao coração. Bjs Gaivota

    ResponderEliminar
  2. Olá, Gaivota
    Hoje o dia está cinzento e tu em terra. Há tempestade no mar?
    Bjs

    ResponderEliminar
  3. Olá Ana

    Bem sei q sou melga. Em qual é q me enquadro?
    Já sei, nas melgas chatas, sisudas, vero????
    Bj

    ResponderEliminar
  4. Angels

    Veríssimo. Mas como disse, de valor inestimável e importantíssimas.
    Bjs

    ResponderEliminar

Olá, então diga lá de sua justiça...