by Ana

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Professora sem pen drive


Professora sem pen drive
Ah! Que inveja dos professores de outrora, dos meus professores, que conseguiam ensinar, cativar e marcar os seus alunos utilizando, apenas e só, a metodologia do giz e quadro.
Eram professores, foram professores.
Valia-lhes a competência do saber de experiência feito e da autoridade reconhecida dentro e fora da escola. Mas não é só por isto que os invejo e admiro…
Hoje, cheguei à escola e fui chamada ao Gabinete da Direcção (Gabinete da Directora, pois a direcção é um órgão unipessoal). Até aqui tudo bem, nada de mal, nada de mais. Apenas mais uns tantos processos para instaurar, coisa pouca.
Atarefadíssima para cumprir com os prazos previstos na Lei, meto mãos à obra e “saco” da minha pen drive de 2GB, do tamanho do dedo mindinho de uma criança de um ano, introduzo num dos PC do Plano Tecnológico da Educação e eis este me surge a seguinte informação:
Dispositivo não reconhecido. Formatar para continuar
NÃO!!!
Please, not! Isto não me está a acontecer! Eu estou armazenada nesse dispositivo! Não posso formatar-me!!!
São as planificações, de acordo com as competências aprovadas e os programas em vigor; é o Power Point destinado aos alunos com o Plano de Contingência Nacional para a Pandemia de Gripe A; são os testes diagnósticos, mais os que não são diagnósticos, mas dão-nos, efectivamente, o diagnóstico (cinzento, quase sempre); são os critérios de avaliação e as respectivas fichas de autoavaliação; é a legislação actual, a revogada e a repristinada; são os mil e um formulários dos processos disciplinares, mais os quinhentos dos procedimentos de averiguações, são os filmes sobre o “O transporte de nutrientes e oxigénio para as células” e as apresentações sobre a “Divisão de números racionais”, são… é…formatar???
Entendem agora a inveja e a admiração que sinto pelos profissionais que foram meus professores? Eram apenas professores, e a sua pen drive, o giz, o quadro, a voz e o livro de ponto (e por vezes, dizem, uma caneta atrás da orelha).
Ah, esqueci de dizer, não pedi Excelente…

8 comentários:

  1. Nem vou fazer comentários acerca dos excelentes! Mas vou dizer-te que também tenho muitas saudades de quando era só professora. Saudades do tempo em que tinha tempo para estudar, preparar aulas e actividades, e sentia entusiasmo, da minha parte e da parte dos alunos. Hoje, os alunos de um modo geral sofrem de anorexia intelectual: eles podem aprender, mas não querem. E eu sofro de saturação profissional.
    Bjs

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  2. Obrigada por entenderes aquilo q eu sinto e do mal q vou padecendo.
    Bj

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  3. Como compreendo a tua desmotivação.
    Afinal, os professores de giz e quadro e alunos interessados, educados e pegando na deixa da Teresa, alunos sem anorexia intelectual deixam saudades a muitos profssionais da educação, especialmente aqueles que ainda tinham a profissão como uma MISSão.
    QUE SAUDADE!
    Astro Rei

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  4. Olá, Astro Rei
    Não são só os alunos que deixam saudades. Os professores também. Tive a sorte de ter bons, excelentes professores (avaliação e cotas à parte)... Mas quem se esquece de uma professora "primária" como a D. Olinda ou ainda uma professora de Matemática como a minha muito querida Luísa?

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  5. OS PROFESSORES EM TEMPOS DE MUDANÇA.
    Abordam-se questões vitais relativas aos professores e ao seu trabalho. Um dos elementos constitutivos mais importantes deste trabalho é o elemento temporal.
    Com a sua escassez torna-se dificil planificar de modo mais atento, empenhar-se no esforço de inovação, reunir com os colegas ou sentar-se e reflectir sobre os propósitos e progressos individuais.
    Acresce ainda, as dinâmicas emocionais do ensino, sobre aquilo que os professores sentem acerca do seu trabalho. Importa referir, a forma como trabalho dos professores está actualmente estruturado tem como consequência a propensão de sentimentos de culpa. Tais sentimentos, podem estar a ferir aqueles por quem se preocupam, devido a exisgências excessivas e conflituais, espectativas intermináveis e critérios incertos de realização profissional no local de trabalho.
    Dado ser uma profissão extremamente exigente, absorvente a vários níveis, cientifico, pedagógico, psicológico, defendo uma estatuto especial para estes profissionais.
    Defendo a especifidade desta profissão relativamente aoutras profissões.
    Astro Rei

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  6. Olá Ana

    Li o teu "desabafo". É verdade que tudo o que é efémero e incerto nos traz alguma insegurança, mas confesso-te que para pessoas desarrumadas e com uma relação muito difícil com as resmas de papel, como é o meu caso, estas modernices são um descanso.
    No que respeita ao professor de outrora, a não ser alguma nostalgia, como é próprio do ser humano, guardo-o na memória.
    Para mim um professor deve estar sempre na crista da onda no que toca à modernidade e à inovação... venham as pen drives, os quadros electrónicos... Só me custa os alunos não aproveitarem o conhecimento que está à diatância de um clic.

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  7. Olá, Anónimo

    Obrigada pelo teu comentário. Concordo contigo. Venham as pens drives e os quadros electrónicos, mas façam regressara par destas novas tecnologias, a velha e verdadeira missão do docente.

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  8. Como dizia o poeta, passo a citar:
    " Vejam bem, não existe só gaivotas em Terra, quando um Homem se põem a pensar....."
    Astro Rei

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Olá, então diga lá de sua justiça...