by Ana

Um espaço para partilhar as "tolices" de cada dia, de uma forma descontraída, descomprometida e com algum sentido de humor. Only that.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Paixão


Na minha apresentação, não vos confessei um dos meus muuiitoos pecados. Um pecado/paixão partilhado por muitos portuguesas e portugueses de aquém e além mar. Paixão muito própria deste nosso povo, que lhe deu voz e alma, tornando-a embaixadora do nome de Portugal, e em particular de duas cidades: Coimbra e Lisboa.
Apresento-vos, caros leitores, O Fado.
A canção de Lisboa acompanhada à viola e à guitarra portuguesa (com certeza!), cantada e sentida em cada esquina dos bairros da nossa Lisboa, canção vadia cujas origens parecem estar ligadas aos cânticos dos Mouros, que permaneceram no bairro da Mouraria após a reconquista cristã.
No entanto, visto não existirem registos do fado até ao início do século XIX, nem o mesmo ser conhecido no Algarve, último reduto dos árabes em Portugal, ou na Andaluzia onde os árabes permaneceram até aos finais do século XV, esta teoria é não é totalmente aceite.
Portanto, gosto de acreditar “na letra da cantiga” : “Talvez a mãe, fosse rameira de bordel, talvez o pai, um decadente aristocrata, talvez lhe dessem á nascença amor e fel, talvez crescesse aos tropeções na vida ingrata…”
Seja por que via for, há uma voz para mim incontornável, única, ímpar. A voz que deu voz e alma a poemas de Ary dos Santos, Manuel Alegre, Vasco Graça Moura, Frederico de Brito, Martinho da Vila, entre outros. A voz das cantigas como Os Putos, Um Homem na Cidade, Canoas do Tejo, Lisboa Menina e Moça, Duas Lágrimas de Orvalho, Bairro Alto, Flor de Verde Pinho entre outras.
Há um bom par de anos atrás, tive o imenso privilégio de assistir ao concerto dos 40 anos de carreira desse grande senhor da “Cantiga Portuguesa”, Carlos do Carmo.
Não consigo descrever o ambiente daquela imensa plateia do Coliseu dos Recreios. Aos primeiros acordes de cada música, era como se tudo ficasse em suspenso aguardando a entrada daquela voz. Em coro, cantei e chorei, tal como canto e me emociono cada vez que ouço Carlos do Carmo.
Na última sexta-feira, realizou-se mais um espectáculo deste grande fadista, mas com a particularidade de homenagear outro grande senhor das letras, Ary dos Santos.
Não fui, por razões que me dispenso de enumerar. Mas vi, ou por outra, não vi, no excerto que passou nos vários canais televisivos, público de faixa etária abaixo do meio século. Por outro lado, o discurso dos entrevistados, centrava-se tanto no Poeta como nas virtudes (indiscutíveis) da Revolução dos Cravos. E a voz? E o fado?


Fado,
Chorar a tristeza bem
Fado adormecer com a dor
Fado só quando a saudade vem
Arrancar do meu passado
Um grande amor


José da Ponte

3 comentários:

  1. Não consigo adicionar, ams aconselho vivamente:

    http://www.youtube.com/watch?v=V66wB4aomvI

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  2. Não sabia que a sua paixão é Lusitana.
    Pois bem, o fado de Coimbra, os Capas Negras também fazem justiça à alma Patriota.
    Astro Rei

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  3. Astro Rei,

    Tenho muitas paixões, uma delas é, indubitavelmente, a voz de Carlos do Carmo. As serenatas de Coimbra, bem como o seu fado, tb ocupam um cantinho muito especial no meu álbum das paixões, ou não tivesse sido, em tempos idos, uma capa negra.

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Olá, então diga lá de sua justiça...