Tenho sido uma menina bem comportada aqui neste SPA de cinco estrelas, onde me encontro.
Levanto-me ao toque de despertar, às 8h00, sem tugir nem mugir. Dirijo-me, ordeiramente, para a minha cabine de duche. Inicio a minha higiene matinal, bem ao estilo do melhor SPA com o conjunto da Body Shop, aroma a morango que a minha amiga amiga Angels me ofereceu há umas duas semanas atrás (gel de banho, esfoliante, creme, etc…). Second part, dentes, cremes, perfumes, roupa e echarpe a condizer, sempre. Seguem-se os rituais todos e mais alguns próprios de uma dama que acaba de completar forty six, mas que sente o esplendor da idade renovar de uma forma mais segura e tranquila, soltando um novo perfume aromatizado de sonhos, de projectos e de fé.
Após todos estes rituais de beleza (absolutamente desnecessários, diga-se de passagem, pois a minha beleza natural fala por si), eis a Ana, sorridente, afável, a tentar acordar a sua colega de suite, a V., ou a circular pelos corredores do SPA. Leio os jornais diários, verifico emails e comentários ao blog e pequeno almoço, sempre bem disposta.
Esta semana, acrescentei uns anéis à indumentária e os decotes vão-se pronunciando, anunciando a chegada da primavera.
Hoje, porém, ao chegar à cabine de duche, a água estava gelada. Brbrbrbrbrbrbr!!!
A muito custo, lá consegui. Uma aqui, outra ali e outra fica para depois.
Ao pequeno almoço, conversa à mesa centrou-se sobre a ceia de ontem, os “Parabéns a Você” e as velas. Hoje ainda comemos “os restos do bolo”. Até aqui tudo bem, tudo normal, tudo de acordo com as rotinas, com os bons hábitos e costumes, com as regras, com as normas.
10h00, a V., veio dar comigo deitada na cama, a tremer. Preocupou-se. Instintivamente, fez-me uma festa no cabelo e eu deixei soltar uma lágrima. Ela, coitada, não está habituada a que a “generala” fraqueje, a que a “sempre a rir” também verta lágrimas. Perguntou, muito a medo “quer falar?” Não, não quero. Está tudo bem, já passa. Claro que ela ficou alarmada. A seguir veio a empregada. Dra. Ana, o que se passa? Nada, não é nada. São aquelas coisas do mês… Mas acho que não fui muito convincente. Passado cinco minutos, veio a enfermeira. “Dra. Ana, precisa de algum comprimido para a dor?” “ Comprimido para a dor, pensei? Qual dor? A da alma? É que hoje ainda não fui à capela.” “Não, não preciso” “Mas não está com dores menstruais?” “Ah, não, é só um desconforto!”. Passado outros cinco minutos, a terapeuta. “Dra Ana, posso ser útil? Umas massagens?” “ Não, são só uns tremeliques. Sabe, a água estava fria, hoje de manhã, no duche, devo ter apanhado uma pontinha de uma constipação”. Pensei que talvez com esta me safasse de mais interrogatórios ….
Pois… pensei.
Cinco minutos depois, a minha médica, “Ana, que se passa? Vamos lá falar. Deixe-me lá auscultá-la!Ou prefere falar?”
Pensei, Ana… fala agora ou calas-te para sempre. Daqui a um quarto de hora és capaz de ter a Ministra da Saúde à porta! Falei e disse.
Nunca pensei que fosse tão importante! Mas com quem eu queria mesmo falar, não falei, não estava e não apareceu…
Levanto-me ao toque de despertar, às 8h00, sem tugir nem mugir. Dirijo-me, ordeiramente, para a minha cabine de duche. Inicio a minha higiene matinal, bem ao estilo do melhor SPA com o conjunto da Body Shop, aroma a morango que a minha amiga amiga Angels me ofereceu há umas duas semanas atrás (gel de banho, esfoliante, creme, etc…). Second part, dentes, cremes, perfumes, roupa e echarpe a condizer, sempre. Seguem-se os rituais todos e mais alguns próprios de uma dama que acaba de completar forty six, mas que sente o esplendor da idade renovar de uma forma mais segura e tranquila, soltando um novo perfume aromatizado de sonhos, de projectos e de fé.
Após todos estes rituais de beleza (absolutamente desnecessários, diga-se de passagem, pois a minha beleza natural fala por si), eis a Ana, sorridente, afável, a tentar acordar a sua colega de suite, a V., ou a circular pelos corredores do SPA. Leio os jornais diários, verifico emails e comentários ao blog e pequeno almoço, sempre bem disposta.
Esta semana, acrescentei uns anéis à indumentária e os decotes vão-se pronunciando, anunciando a chegada da primavera.
Hoje, porém, ao chegar à cabine de duche, a água estava gelada. Brbrbrbrbrbrbr!!!
A muito custo, lá consegui. Uma aqui, outra ali e outra fica para depois.
Ao pequeno almoço, conversa à mesa centrou-se sobre a ceia de ontem, os “Parabéns a Você” e as velas. Hoje ainda comemos “os restos do bolo”. Até aqui tudo bem, tudo normal, tudo de acordo com as rotinas, com os bons hábitos e costumes, com as regras, com as normas.
10h00, a V., veio dar comigo deitada na cama, a tremer. Preocupou-se. Instintivamente, fez-me uma festa no cabelo e eu deixei soltar uma lágrima. Ela, coitada, não está habituada a que a “generala” fraqueje, a que a “sempre a rir” também verta lágrimas. Perguntou, muito a medo “quer falar?” Não, não quero. Está tudo bem, já passa. Claro que ela ficou alarmada. A seguir veio a empregada. Dra. Ana, o que se passa? Nada, não é nada. São aquelas coisas do mês… Mas acho que não fui muito convincente. Passado cinco minutos, veio a enfermeira. “Dra. Ana, precisa de algum comprimido para a dor?” “ Comprimido para a dor, pensei? Qual dor? A da alma? É que hoje ainda não fui à capela.” “Não, não preciso” “Mas não está com dores menstruais?” “Ah, não, é só um desconforto!”. Passado outros cinco minutos, a terapeuta. “Dra Ana, posso ser útil? Umas massagens?” “ Não, são só uns tremeliques. Sabe, a água estava fria, hoje de manhã, no duche, devo ter apanhado uma pontinha de uma constipação”. Pensei que talvez com esta me safasse de mais interrogatórios ….
Pois… pensei.
Cinco minutos depois, a minha médica, “Ana, que se passa? Vamos lá falar. Deixe-me lá auscultá-la!Ou prefere falar?”
Pensei, Ana… fala agora ou calas-te para sempre. Daqui a um quarto de hora és capaz de ter a Ministra da Saúde à porta! Falei e disse.
Nunca pensei que fosse tão importante! Mas com quem eu queria mesmo falar, não falei, não estava e não apareceu…