by Ana

Um espaço para partilhar as "tolices" de cada dia, de uma forma descontraída, descomprometida e com algum sentido de humor. Only that.

domingo, 6 de junho de 2010

Ler devia ser proibido

"Leram o que mandei para trabalho de casa?, ou melhor, reformulo a pergunta, quantos leram o que texto que mandei como trabalho de casa?"
Silêncio total.
Como ando farta de silêncio e tempo, fui, num dia destes, assistir a uma aula da AI.
Aula de Português, 10º ano, sexta à tarde, numa escola nos arrabaldes de Lisboa, a mesma que há um par de meses atrás foi tema de abertura dos telejornais, pelos mais tristes motivos - a morte de dois alunos, numa lagoa perto da escola.
E foi assim que a professora, a AI, iniciou a lição.
Certamente que o plano para a aula daquela sexta, à tarde, estava todo preparado na sequência da última e do trabalho de casa dos meninos, do 10º ano. Mas os planos saíram frustrados. Os meninos não tinham feito o tpc "e portanto, srª profª, agora, a batata quente, ou fria, como queira, está do seu lado", pensava eu de que...
Impávidos e serenos, como se em nada tivessem falhado, nem se preocuparam em justificar a "falta".
A prof., também impávida e serena, não pegou em caderneta alguma para apontar a falta dos meninos, como certamente eu teria feito.
Confessou-se absolutamente nada surpreendida, largou algumas "larachas", ironizou sobre alguns comentários que um ou outro aluno se atreveu a fazer e escreveu no quadro a frase:
"LER DEVIA SER PROIBIDO"
A partir daqui assisti a uns verdadeiros alucinantes 80 minutos de desenvolvimento de competências, de transmissão de conhecimentos, de desafios, de estímulos, de respeito, de admiração, de reconhecimento..."a professora sabe tudo!"
Nesta aula, e à laia de "ler ser proibido", aquela turma do 10º ano de Ciências e Tecnologia, ouviu falar de Gutenberg e a invenção da Imprensa, de Nelson Mandela e seu Invictus, do Apartheid, de Ghandi, de Berlin e seu muro, de Hitler, de Mia Couto, de livros e de ler...
Mas a professora soube, sobretudo, como cativar os alunos.
Ensinou-lhes a escrever nos seus cadernos todas as palavras novas que iam aprendendo aula após aula, como num caderninho de sinónimos, onde as primeiras foram "grisalho" e "cãs", vá lá saber-se porquê...
E, durante 90min nunca olharam para o relógio, porque, segundo as regras, tal atitude é pecado mortal.
Ah! este era o plano B da aula, o A seria o tal, se os alunos tivessem feito o tpc...

AI, se fosse tua aluna NUNCA faria tpcs!!!

:):)

4 comentários:

  1. Será que a senhora ministra iria gostar de uma aula deste tipo?
    Eu gostaria de certeza!
    Posso dizer que vivi alguns momentos deste género.
    Aqueles professores que nos enchem a alma.
    Apesar de tudo, AI, vê lá se controlas os trabalhos de casa...
    Para ti, Ana, não seja indiscreta e não venha contar o que vê.
    Bj

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  2. Maré,
    Tenho a certeza que a Srº Ministra apoiaria a AI, afinal esta aula foi uma AVENTURA e peras!!
    Bj

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  3. Boa, Ana!
    De facto, toda a sua obra literária, é uma aventura.
    Bj

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  4. Maré,
    eu diria que toda a aula é uma aventura.
    Bj

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Olá, então diga lá de sua justiça...