by Ana

Um espaço para partilhar as "tolices" de cada dia, de uma forma descontraída, descomprometida e com algum sentido de humor. Only that.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Pena de Morte



Há coisas que me inquietam profundamente, me fazem quebrar votos impostos de silêncio, me levam a retomar a escrita, uma das minhas formas preferidas de serenar a alma e a acalmar a cólera.
Hoje, enquanto lia os jornais diários que chegam ao já conhecido SPA, dei com um artigo sobre a pena e o corredor da morte.
Dados estatísticos, países onde a pena capital ainda está em vigor, formas de a executar, países onde foi abolida, datas em que foi abolida (o nosso foi dos primeiros) e mais outros dados.
Depois, uma curiosa entrevista sobre uns 139 condenados que escaparam “por um fio” ao chamado corredor da morte, como eu costumo dizer, “salvos no último minuto”. Valeram-lhes provas de ADN ou outras provas permitidas por ultra-tecnologia de ponta, ainda não conhecida ou utilizada no meio forense por altura dos julgamentos respectivos, que os condenaram injustamente, à pena capital. Todos eles nos famosos “States”.
Eram 139 inocentes condenados à morte, pelo facto de um punhado de jurados e um colectivo de juízes terem analisado meia dúzia de provas e ouvido o verborrear sapiente, escorreito, demonstrativo e ufano com que a acusação demonstrava a conduta e o passado do acusado.
O artigo não pormenorizava qualquer julgamento, mas imediatamente imaginei um qualquer tribunal da Carolina do Sul, o jurados sentados à direita, o colectivo em frente, julgando um Mr. S., cidadão, pai e homem de carreira, por um crime que ele jurava não ter cometido.
O advogado de acusação, acusa-o de alcoólico, pessoa sem carácter, violento e depressivo. Condições necessárias e suficientes para ter cometido o crime. O seu passado fala por si.
Chama o dono de um qualquer bar de Chinatown, que confirma que Mr. S. apanhou duas ou três bebedeiras no seu bar, há uns meses largos atrás.
A seguir, o mesmo advogado, adianta q Mr. S. não é um homem que se preocupe com o estado do planeta, não interage com a natureza, não se preocupa com o aquecimento global. Chama o seu vizinho a depor. O mesmo vizinho afirma a pés juntos que um dia viu Mr. S. mandar uma lata de Coca-Cola pela janela do carro, em vez de a colocar no ponto de reciclagem.
E ainda há mais. Mr. S., sendo um homem de sucesso na sua profissão, é humanamente desprezível. Tratava a sua sogra abaixo de cão. Eis a senhora para o testemunhar. Chega a senhora não sua sogra, mas sua ex sogra, a um tribunal federal de Carolina de Sul, uma senhora branca, de cabelo branco, de sombrinha de sol, num dia escaldante de verão, para testemunhar contra aquele mestiço que foi seu ex-genro. E fala do dia de Acção de Graças de há 15 anos atrás. Da forma ignóbil como o Mr. S. a recebeu e também tratou a sua filha Mellanie. Ficou tão consternada, a pobre senhora, que nunca mais voltou a casa da sua filha.
A lista de testemunhas continua com os “amigos porreiraços”, capazes de provar as imensas teias de intrigas que Mr. S. teceu para chegar ao topo da sua editora. Um homem sem carácter. Um fulano que teve uma depressão, que foi seguido por um psiquiatra anos a fio, que fez uma cura de desintoxicação de substâncias aditivas num centro especializado, mas camuflado, no Canadá. Que mais provas precisa o colectivo, meus senhores? Foi ele. Foi ele que cometeu o crime.
O passado de Mr. S. constituiu a prova que ditou o seu futuro, a morte. Até a ciência evoluir e fazer a contra prova que o ilibou. Mr. S. escapou da pena de morte. Mas só pelo facto de o TEMPO e a CIÊNCIA o terem permitido, não pelo os seus semelhantes terem acreditado nele. E se não houvesse tempo nem ciência?
Mas nós, portugueses, de aquém e além mar, somos um povo que aprende com a História. A Nossa enquanto Nação e a nossa enquanto pessoas. Aprendemos a evitar os erros. E, orgulhosamente, gabamo-nos de sermos um povo de brandos costumes, certo?Ah!, como me sinto feliz e protegida por ter nascido neste cantinho. Ufa!!

6 comentários:

  1. Como éque ainda há países onde existe pena de morte? Onde estão os direitos humanos? Estamos no século XX! A vida já é uma grande prova de fogo! Aém de que há outras formas de puniros criminosos!!!

    Bjs

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  2. Boa reflexão sobre um sistema que tem muito de injusto - as estatísticas revelam que a aplicação da pena de morte penaliza sobretudo as minorias económicas e raciais.
    Felizmente, são cada vez mais os países que a aboliram, com a Europa à cabeça!
    E, sim, é bom viver numa terra que, desde meados do séc. XIX, não manda executar ninguém!

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  3. Ainda bem que ainda encontras razões para te sentires feliz por teres nascido neste cantinho da Europa!
    Bjs

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  4. Natália,
    Estamos no séc. XXI, minha querida!! E sim, há muitos países onde a pena de morte ainda não foi abolida!!
    Bj

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  5. Teresa,
    Muitas outras razões haverá para nos sentirmos felizes por termos nascido neste cantinho da Europa. Por exemplo o sol, não é? (para ti, que funcionas a "baterias solares"?)
    Bj

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  6. We,
    É bom viver numa terra tipo "Nação arco-íris" (salvo a expressão), tolerante, a modos que poupada aos trágicos fenómenos da natureza que fustigam outros cantos do mundo. Aqui só somos mm fustigados pelos fenómenos da natureza humana.

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Olá, então diga lá de sua justiça...