by Ana

Um espaço para partilhar as "tolices" de cada dia, de uma forma descontraída, descomprometida e com algum sentido de humor. Only that.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Avozito diz-me tu...

Os tempos mudam e com eles as vontades, os costumes e até a tradição.

Nos anos setenta, após o horário escolar (9h-13h), o tempo dava e sobrava para as brincadeiras com os nossos vizinhos; as portas das casas de uns e de outros estavam sempre abertas. Ora lanchávamos na casa da Luísa, ora fazíamos o baptizado da boneca nova em casa da Lídinha ou ainda assistíamos ao episódio do Espaço 1999 em casa do Carlos. Depois, havia as corridas de bicicleta, rua acima, rua abaixo.

A televisão emitia durante um curto período de tempo, à hora do almoço e depois a partir das 19h00, até à hora do “Vamos dormir”.

Morávamos numa rua sem saída que iniciava numa praceta, junto ao Parque Municipal, um bairro novo do Montijo. Por sorte, ou por obra do acaso, todos os moradores eram casais mais ou menos jovens, com filhos de idades muito próximas das nossas.

Foi uma infância e pêras!

Olhando para o passado mais ou menos recente, lembro os meus filhotes agarrados às consolas ou à TV, horas a fio, a devorarem os Dragon Balls, os Moto Ratos, ou outro boneco qualquer meio gente meio animal, com poderes sobrenaturais, capazes de destruir o mundo e voltá-lo a reconstruir a seu belo prazer. No nosso tempo, o “mais poderoso “ era o Super Homem, ou numa versão mais cinematográfica, o 007.

No presente, olho para os meus sobrinhitos e vejo-os invariavelmente, sentados a dois palmos de um ecrã desses ultra finos e com para aí um metro de diâmetro, a absorverem, devorarem, consumirem as aventuras de uns bonecos chamados Gormitis, seres apavorantes e asquerosos, que depois se vendem a preços também apavorantes, em pacotes de plástico, que não deixam ver qual o “boneco” que trazem lá dentro. Até já há um site de anúncio de trocas e vendas de Gormitis e um blog destinado a … a não sei o quê!!

Tenho saudade da ingenuidade da minha geração. Da simplicidade com que olhávamos o mundo. Do valor que dávamos aos amigos, às brincadeiras da cabra cega, aos baptizados das bonecas, às corridas de bicicleta, aos arranhões provocados pelas quedas, à emoção de cada episódio do Espaço 1999, às lágrimas da Heidi quando se despedia do seu bom avô. É que também eu me despedia do meu, todos os dias, até…

Onde param os valores da minha geração? Que aconteceu à Heidi e ao Marco? E as bonecas, já vêm baptizadas?


2 comentários:

  1. Ana
    As gerações mudam, e com elas as brincadeiras e os valores. Às vezes, também tenho dificuldade em me rever nestas novidades, mas a verdade é que o mundo em que viviamos mudou sem remédio. Olha para nós agora, tão entretidos com os nossos blogues; o que diriam as nossas avós?
    Bjs

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  2. Pois é Teresa. Tens toda a razão. Basta olhar para nós...
    Bj

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Olá, então diga lá de sua justiça...