by Ana

Um espaço para partilhar as "tolices" de cada dia, de uma forma descontraída, descomprometida e com algum sentido de humor. Only that.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O Que Faz Falta

Sem ponta de humor seja ele de que cor for, sem laivo de sarcasmo, sem pingo de hipocrisia, tomei consciência, acordei para o Estado da Nação.

Dei de caras com o absurdo, não com a crise, mas com a insensatez, com o despropósito, com a demência a que, passo a passo, chegámos.

Como milhares de portugueses sofro de azia crónica. Há um fogo que arde por dentro que, se não for controlado, me consome as entranhas, arde sem se ver e até sou capaz de o cuspir, assim esteja eu virada do lado do avesso, ou acorde com os pés de fora, por via das notícias que ficaram a digerir na noite anterior. Como milhares de outros portugueses, certamente.

Como estes milhares, tenho de tomar umas pílulas todas as noites e/ou todas as manhãs, para que suporte melhor estas azias da vida, estas amarguras da noite, estes fogos que ardem mas que não se vêem. Estas pílulas, imprescindíveis ao meu bem estar e ao bem estar dos outros milhares de portugueses que descontam, tal como eu, para essa coisa do Estado Providência e que, se não lutaram ou festejaram uma revolução de cravos sem sangue porque ainda eram novos, cresceram a pensar que nunca na vida teriam de lutar por fazer uma outra revolução, pois a memória de um povo é o seu património mais valioso, a sua história e jamais será esquecida, dizia eu, estas pílulas eram quase ao preço da chuva, da uva mijona, como dizia a minha avó, que sabia o valor das coisas. Hoje, acordei com os pés de fora, estava cheia de fogo por dentro por via daqueles assuntos que me andam a incomodar, pois ainda não percebi se me devo preocupar mais com o preço do gasóleo que não pára de aumentar, assim como a taxa de referência da Euribor, ou com o que a Wikilieaks anda a revelar. Tive de recorrer à pílula da digestão fácil. Era a última do blister e da caixa. Peguei na receita que tenho sempre em casa e fui à farmácia comprar mais uma caixinha, do genérico. Sim, do genérico, que eu não alimento vaidades e muito menos laboratórios farmacêuticos. Quando ia para pagar pensei que a conta se referia a senhora do lado que aviava uns quantos cremes anti rugas. Mas não. Era a minha conta mesmo.

- Sabe, é que dantes (como se o dantes fosse o tempo da outra senhora), estes medicamentos tinham uma portaria especial, que agora deixaram de ter - apressou-se a farmacêutica a explicar, antes mesmo que eu perguntasse.

Como estas pílulas para curar as azias da vida, outras deixaram de ser comparticipadas ou "tão comparticipadas". Quem tem dores de reumático, por exemplo, que se deite o chão, que dizem os antigos sempre foi o melhor colchão ortopédico; quem sofre de tensão arterial elevada, pois que dê um litrinho de sangue todas as semanas, diminui a quantidade em circulação, logo desce a tensão e faz bem ao banco de sangue; quem anda deprimido, que saia para a rua e brinde ao astro rei, ria muito que faz bem à pele, além que rir sempre foi o melhor remédio.

Creio que, tal como eu, há muitos portugueses com azia, com fogo e pêlo na venta!

Calamos?

7 comentários:

  1. Bem vinda ao mundo da contestação! XD

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  2. Helena

    Chega a um ponto que as perninhas do sapo já não descem, sabes como é?
    Bjs

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  3. Rogério

    Q fazer?
    Uma revolução! Urgente!!
    Ontem já era tarde!

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  4. HÁ TANTA COISA QUE NÃO ENTENDEMOS COMO É POSSÍVEL...COMO É QUE WIKILIEAKS CONSEGUE APANHAR TANTA INFORMAÇÃO...TANTO JOGO DE BASTIDORES QUE A SER VERDADE METE MEDO...É QUALQUER COISA DE SURREAL!!!
    HÁ MUITO PORTUGUÊS COM AZIA,PÊLO NA VENTA E COM O FOGO A SAIR PELA BOCA...PELAS NARINAS...PELO ALTO DA CABEÇA...PELAS ORELHAS...ARDEMOS E ARDEMOS E ARDEMOS...

    FELIZ NATAL E NÃO ARDAS MUITO AGORA...ESPERA PARA 2011...

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Olá, então diga lá de sua justiça...