by Ana

Um espaço para partilhar as "tolices" de cada dia, de uma forma descontraída, descomprometida e com algum sentido de humor. Only that.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A mulificação


A verdade é que já vai no 6º ano consecutivo, mas a verdade também é que só agora me bateu à porta.
E outra verdade mais verdadeira ainda é que, como diz o povinho, só quando nos bate à porta é que sabemos como elas amargam, ou doem, ou lá como queiramos chamar. 
Não, não é a crise. 
É a "mulificação" que fizeram de nós, profs., com esta "estória" das provas de aferição.
Ai não sabem?
Então eu conto. 
Os alunos foram prestar provas que não servem para mais nada senão que para aferir o sistema que todos nós sabemos que está mais do que desaferido por natureza. 
Depois, nós, profs, somos chamados a umas reuniões onde nos são comunicados códigos de aferição (nunca cotações). Desde que o aluno saiba pintar de azul o céu e de verde a terra, tem direito à atribuição de um código. Se pintar sem ultrapassar o risco do horizonte, o código começa por 3, se ultrapassar em 3 milímetros, o código começa por 1, mas se  ultrapassar em   um milímetro, o código começa por 2. E outras coisas assim, por ai fora, que nós, profs, não podemos discordar, temos de aferir com todo o cuidado e rigor, a bem da nação.
O mais interessante é que a par de 45 provas de aferição, com uma média de 40 perguntinhas cada, para codificar, temos as nossas aulinhas para preparar e para leccionar, os nossos testes para fazer, aplicar e também corrigir, mas estes vão contar para a nota do menino e ainda uma dezena de manuais escolares para escolher, com todo o cuidado e rigor, pois vão vigorar nos próximos seis anos. 
Ah! esqueci-me que também continuamos a tentar ter vida própria, mas só tentar, claro.
Hã? O quê? Quanto nos pagam a mais? Mas não leu lá em cima "mulificação"?

4 comentários:

  1. Gostei muito, mesmo!
    Uma salutar e inteligente crítica daquilo que achamos mal na profissão, com toda a elegância.
    Aprendi mais uma palavra, um conceito...
    E a imagem!?
    Não lembrava nem ao diabo!
    Grato pela partilha

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  2. Petrus,

    Obrigada pelas suas palavras amáveis.
    Volte sempre.

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  3. Um MMMMMMMMMMMMMMMMUUUUUUUUUUUUUUU de total compreensão. Quanto a mim, pertenço a outra classe mais bem sucedida e igualmente de mérito reconhecido entre as elites sociais: a dos classificadores, que nem têm direito a escolher as férias. Qué trocá, garota?
    MMMMMMUUUUUUUUUUUUUU, uma vez mais. Somos mesmo nêsperas (vá lá ler o O'Neilzinho a ver o que ele diz sobre as ditas cujas...)

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  4. Querida e abençoada We

    Mario Henrique de Leiria, não O' Neil... Ai, ai, srª Profª Drª Avaliadora, Coordenadora...
    Mas a mim não me comem por nêspera, pelo menos sem rabujar, espernear, barafustar, denunciar. Tá-se?
    Beijo do tamanho da ponte Vasco da Gama + segunda circular + A5. Ufa!!, fiquei sem fôlego

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Olá, então diga lá de sua justiça...