by Ana

Um espaço para partilhar as "tolices" de cada dia, de uma forma descontraída, descomprometida e com algum sentido de humor. Only that.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Rua Direita

Meti pés ao caminho e fui.
Primeiro o banco, que não é caixa, depois os correios,  seguiu-se a rodoviária que deixou de ser nacional (será que ainda é bom?) e agora se chama tst, a câmara, a polícia e  finalmente casa, home sweet home!!Tudo a butes!!
A minha terra era uma aldeia. Era...
Tudo aqui era ao virar da esquina, ou então na Rua Direita, onde, antigamente, os carros passavam e estacionavam, as pessoas passeavam, as lojas vendiam, os cafés fervilhavam de gente apinhada aos balcões ou em pé à espera de mesa.
Há muito que não passava pela Rua Direita, por que desde que se tornou-se zona nobre e a minha aldeia  cidade,  foi calcetada. Eu também me tornei nobre e passei a andar de carro, em vez de bicicleta ou a pé e por via dessas evoluções ou revoluções, não sei bem,  troquei a Rua Direita pelos centros comercias.
Hoje, por que  fiquei sem ele, tive de atravessar a aldeia que se tornou cidade, a pé. E lá passei pela Rua Direita, a tal que foi calcetada.
Reparei que realmente não é direita, é torta, como torto  foi o  destino que lhe estava reservado. A Rua  Cândido dos Reis transformou-se num fantasma de si.
Daquilo que me lembro, dos tempos em que andava a pé, ou de bicicleta, ainda existem as duas farmácias, a pastelaria mimosa e a papelaria dos jornais.
Subindo, comecei a constatar que os chineses, se não compraram a dívida pública, compraram metade da Rua Direita. Porta sim, porta não, lá estão eles.
Uma loja chinesa de roupa na porta sim, na porta não a ourivesaria portuguesa que diz na montra, estranhamente, que compra ouro, em vez de o vender, a seguir outra loja de chineses, depois uma loja de espiritualidades, depois outra loja de chineses, mas que vende frutas, depois outra ourivesaria que também anuncia que compra ouro, depois um restaurante chinês, depois uma loja de penhores, depois loja chinesa de prêt-a-porter, depois uma loja fechada para trespasse, depois outra loja chinesa....até à PSP
Não continuei porque a seguir vinha o cemitério.

2 comentários:

  1. Todas as ruas direitas são tortas. E, pelo que tenho visto delas, também torto se tornou o seu destino. Mas, se acho que nós temos alguma culpa na troca que fizemos das ruas direitas do nosso passado, pelos centros comerciais, não nos caberá toda a responsabilidade nesse triste destino. É o pequeno comércio que não soube, ou não pode, competir com horários de abertura diferentes, são os chineses que trazem roupitas ao preço da chuva, são as autarquias que não programaram estacionamento adequado, nem, muitas vezes transportes, nem locais agradáveis de fruir...
    Enfim, esta é uma das tais conversas que nos levaria longe. Um dia organizamos uma tertúlia, num desses cafés restantes de uma qualquer rua direita. Boa?

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  2. Boa, Helena.
    E convidamos muita gente, srs. autarcas, chineses, portugueses, gente como nós.Vamos ver se surgem ideias para endireitar o destino destas ruas!
    Bjs

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Olá, então diga lá de sua justiça...