Ninguém calcula a importância do pescoço!
Ele é pau para toda a obra, acreditem! Só quando vemos a sua actividade limitada, é que nos apercebemos que de facto ele tem razão de existir. Não se trata de uma mero segmento do corpo humano destinado a unir o tronco à cabeça, garanto-vos…
Seria bom se assim fosse: em situações em que a cabeça não funcionasse, era só cortar o pescoço e tínhamos meio caminho andado para a resolução do problema.
Eu sei, eu sei. Foi assim, durante alguns períodos mais ou menos áureos da história mundial, que se resolviam os problemazitos de cabeças demasiadamente pensantes… cortava-se o pescoço e pronto. Acabavam-se as ideias revoltosas, as conversas revolucionárias e “todos” achavam muito bem! Pescoço fora. Trabalho limpo e problema resolvido!
Agora que literalmente me cortaram o pescoço, quase “de orelha a orelha”, reconheço a real importância deste segmento anatómico.
Olhem, ginástica, só mesmo com os olhos, pois o pescoço não pode virar. Ou viro e reviro os olhos ou dou-me à imensa trabalheira de rodar o tronco, no sentido do objecto que pretendo observar. Tossir… Ai ,tossir, nem vos conto! Saltam-me as entranhas pelo sítio da goela. Pigarrear, idem…
Falar? Isso depende. A minha voz, habitualmente feminina, sensual, suave e melodiosa, transformou-se numa voz rouca, a puxar para o bagaço, que na altura dos sons agudos parece uma autêntica cana rachada.
Levantar-me? Esse é outro problema. De lado, valendo-me do braço e antebraço. Nada de levantar, tipo flexões, isso precisa da autorização do Sr. Pescoço.
E pentear-me? Já imaginaram, mesmo num cabelo liso e sedoso como o meu, a escova a puxar fio a fio e o desgraçado a ter de se manter firme no seu lugar? Até os maxilares são chamados a ajudar, acreditem.
Rir? Qual rir, isso é pior do que tossir ou engolir em seco. O filme do Woody Allen foi um tremendo sacrifício… Ria com as lágrimas que me escorriam pela cara.
E não se atrevam a pensar em comezainas. Dieta mole e muuuuiiito devagarinho!
Se têm o azar de precisar fazer uso do lenço de papel para expelir as secreções nasais… então aí, estão feitos!!! Até as tripas saem pelo meio do local onde a “naifa” passou!
A partir de agora, passo a vergar a minha cabeça perante a importância do pescoço. (Se ele mo permitir, entenda-se…)
olá.
ResponderEliminarQuem diria, que um pescoço era assim tão importante, Ana.
A experiência fala por si.
A mania, que nós humanos temos, de classificar, catalogar, ordenar, atribuir virtudes ou defeitos, estabelecer prioridades ou importância mais a umas coisas do que outras.
Aqui está a prova, de que afinal, tudo é importante e tudo tem o seu devido papel na natureza humana, e não só.
Como diria o saudoso Fernando Peça, passo a citar: E esta hem!......
Bj
Oh, Ana
ResponderEliminarQue coisa tão chata. Quando somos operados a qualquer coisa é que percebemos a importância do sítio! Tudo custa! Deixa lá, é só um tempinho.
Bjs
Boa noite Ana
ResponderEliminarApesar de todo o sofrimento pelo qual estás a passar no momento, não deixas de ter sentido de humor.
Adorei o teu texto. Devorei-o. É simplesmente delicioso.
Boa recuperação.
Beijinhos
Olá, Natália
ResponderEliminarMal de nós quando perdemos o sentido de humos, não é?
Bj grande!!
Pois é Teresa. Parece que só quando perdemos alguma coisa, nem que seja temporariamente, é que aprendemos a dar o real significado à mesma.
ResponderEliminarMas olha que isto não está a ser "pêra doce".
Bj
Oi, Maré Alta
ResponderEliminarNem lhe digo nem lhe conto!
No que respeita ao corpo humano, voto pela igualdade de importância e responsabilidade.
Bj